sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Voltando

Bom, pessoal, estou de volta. Não morri como alguns pensaram, apenas estava de ( merecidas!) férias, viajando. Cheguei ontem à minha querida BH.

Vamos à política.

Infelizmente, meus temores em relação à eleição para prefeito de BH estão se confirmando. Quando saí de viagem, há um pouco mais de 1 mês, Marcio Lacerda acabara de ultrapassar Jô Moraes ( mas eles ainda se encontravam em empate técnico), e eu temia que o Leonardo Quintão( PMDB) se fortalecesse, pelo fato de ter uma melhor estrutura de campanha, e também ultrapassasse a candidata do PCdoB. E para o meu desgosto isso aconteceu. E pior: corre-se o risco de a eleição ser decidida no primeiro turno.

Na minha opinião, uma vitória de Lacerda não é um desastre. Desastre seria uma vitória de Quintão. Portanto, melhor uma vitória de Marcio no primeiro turno do que um segundo turno entre ele e Quintão.

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Ontem, durante meu vôo de volta, eu estava sentado ao lado se duas senhoras:

(senhora 1) - Como será que estão as eleições lá em São Paulo? Será que vai dar Marta?
(senhora 2) - Pelamordedeus!!!! Ninguém merece a Marta!
(senhora 1) - Marta de novo não dá.
(senhora 2) - Odeio ela.
(senhora 1) - Tenho nojo dela.
(senhora 2) - Eu queria que o Kassab ganhasse.
(senhora 1) - Ah é? Por quê?
(senhora 2) - Ah, sei lá, eu acho ele tão simpático.
(senhora 1) - E você, vai votar para quem?
(eu) - Eu não voto em São Paulo, mas se eu votasse votaria na Marta.

Seguiu-se um silêncio constrangedor. As duas velhinhas se entreolharam e acharam por bem mudar de assunto e me deixarem no meu canto com o meu livro.

Isso me lembrou, pela argumentação inusitada, uma discussão que tive com minha avó às vésperas do segundo turno da eleição presidencial de 2006. Ela defendendo o Alckmin e eu, o Lula. No auge da discussão quando já lhe faltavam argumentos, ela me saiu com uma pérola que matou a contenda:

- Bruninho, você é tão bonito, por que anda tão encantado com o Lula e com esses feiosos do PT ?

Lógico que depois dessa caimos na gargalhada e a conversa foi para outro caminho. Essa era uma astuciosa senha para mudarmos o rumo da prosa.

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A cobertura do Idelber e do Pedro Dória do debate entre os candidatos a vice-presidentes dos EUA foi fantástica. Já o debate nem tanto. Foi um pouco morno.

Palin não foi um desastre como o esperado. Fez um belo jogo de cena, usou e abusou do charme e quando o assunto estava dentro do que ensaiou ela conseguia se sair muito bem. No entanto, quando fugia do script ela se mostrava um tanto quanto insegura, hesitante, gaguejante.

Já Biden, na minha opinião, foi muito bem. Não cometeu gafes, nem pareceu arrogante ou sexista em nenhum momento. Foi duro, incisivo, na medida certa. E mirou em quem devia mirar: John McCain. A todo momento ele procurava pontuar as diferenças de conduta e de propostas entre Obama e o candidato republicano, e mostrar o quanto esse último é próximo de Bush e Cheney, pois sempre votava a favor das propostas do governo nos assuntos que realmente interessavam ( tentando colocar em xeque a fama de "Maverick" de McCain). Seu ponto alto foi o momento em que ele se emocionou ao se lembrar dos filhos e da esposa mortos. E, conforme bem lembrou o Pedro Dória, Palin perdeu pontos nessa hora quando " foi incapaz de fazer um comentário gentil imediatamente após".

PS: Felizmente, de acordo com as primeiras pesquisas, os eleitores americanos tiveram a mesma percepção que eu, ou seja, de uma clara vitória do democrata.

3 comentários:

Anônimo disse...

Também achei o debate nos EUA morno. No entanto, ficou provado que Biden é muito mais qualificado que aquela senhora Pali, que, francamente...

Camila disse...

Bruno, ainda bem que prevaleceu o bom-senso... De minha parte, como tenho medo dos americanos, confesso que fiquei com medo - porque o fato de que Biden é mais preparado etc. etc. nunca esteve em discussão. Biden é um político, Palin uma celebridade - para mim as diferenças entre ambos começam e terminam aí. E quando vi a Palin toda simpática e charmosa, dando piscadinhas e tudo... Ai, tremi. Ainda bem que, felizmente, parece que num debate entre políticos os eleitores indecisos ainda estão preferindo um político mesmo.

P.S.: Adorei sua conversa com as senhorinhas! Continue assim - é de gente como você que as velhinhas do Brasil precisam! ;)

André Egg disse...

Olá,

legal debater na caixa do Idelber, mas achei melhor fazer uma visita direta aqui...

Também acho complicado escolher as estratégias corretas no nosso sistema político. Não queria estar no pelo de eleitores do Rio ou de BH ou de Salvador. Em São Paulo é fácil - Marta. Em Porto Alegre também.

O duro é identificar quem é mais de esquerda em partidos secundários, que acostumaram a gravitar entre PT e PSDB.

E acho que o PSDB é, por definição um partido de centro-esquerda, um pouco direitizado por causa da conjuntura do governo FHC.

Além do mais, "esquerda" é um conceito que ainda sustenta discurso em muito lugar desse mundo, mas nenhum país mais consegue recusar o receituário das empresas gigantescas que decidem os rumos das coisas.

Assim, vamos ficando nas medidas pontuais que vem sendo tomadas pelo governo Lula. Mas redistribuição da renda, da ocupação do solo, dos meios de produção, do acesso à educação e à saúde - isso ninguém anda praticando mais. Ficou fora de moda.

Para mim, Serra ou PT dá mais ou menos na mesma. Um discursinho diferente aqui, outro ali.

Enquanto isso, os legislativos são DEM, PP, PTB, PRB, PSC, PSL, PHS e por aí vai.

--x--

Já perdi alguns amigos por conversas inocentes do tipo essa que você teve no avião. É dose...