segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Jô Moraes em apuros

Foi dura a volta à vida normal após a viagem onírica das olimpíadas. Quase tive síndrome de abstinência.

Teria sido mais fácil para mim se, ao ler as outras partes dos jornais que eu desprezei durante os Jogos Olímpicos, eu só encontrasse boas notícias. Não foi o caso.

A minha candidata a prefeita de Belo Horizonte, Jô Moraes ( PC do B), caiu quatro pontos percentuais na última pesquisa Datafolha. Seu principal adversário, Marcio Lacerda( PSB), subiu 15. Para completar, Leonardo Quintão ( PMDB) pulou de 9% para 13% das intenções de voto. Agora o quadro é o seguinte:

Marcio Lacerda - 21%
Jô Moraes - 17%
Leonardo Quintão - 13%
Os outro têm 4% ou menos.

O que fez Lacerda pular do empate técnico com a candidata do PSTU, Vanessa Portugal, para a ponta? Fácil: o início do programa eleitoral obrigatório. O candidato do PSB conseguiu, com o apoio de Aécio Neves ( PSDB) e Fernando Pimentel(PT), e um empurrãozinho do Lula, uma ampla coligação que o proporciona o maior tempo de programa eleitoral:onze minutos e quarenta e sete segundos. Quintão tem pouco mais de 5 minutos e Jô tem menos de 2 minutos.

E os programas, que diferença! O de Lacerda, profissional, à Duda Mendonça. O da comunista parece ser feito no fundo do quintal com uma câmera de celular. Lembra os do José Maria, do PSTU, quando foi candidato a presidente.

Marcio Lacerda se apresenta como o "candidato da aliança" e o tempo todo aparecem Pimentel e Aécio juntos pedindo votos para ele. Isso tem um peso enorme, pois os dois fazem governos muito bem avaliados. Justamente por causa da boa relação que eles estabeleceram entre prefeitura e governo do Estado, na opinião de grande parte dos belorizontinos. E, como sua coligação é muito grande, nos santinhos, outdoors e adesivos da maioria dos candidatos a vereador aparecem o seu nome.

E tem mais, esse epíteto de "candidato da aliança" cala muito fundo no povo de Minas Gerais. Nós mineiros adoramos, somos fascinados, por políticos capazes de grandes entendimentos, acordos, conchavos. Isso é um fato. Não sei se tem algum estudo sociológico sobre isso, mas essa é a mais irrefutável verdade.Iisso não é necessariamente ruim. Depende das alianças e do momento histórico. Foi bom , necessário, durante o governo JK, para que ele chegasse até o fim, e durante a redemocratização com o Tancredo Neves. E por diversas vezes foi ruim, fazendo Minas Gerais patinar e ser o Estado em que o " reformismo conservador", tão típico do Brasil, e a "ditadura da maioria" atingissem o seu apogeu.

Por causa de tudo o que disse acima, prevejo uma campanha dificílima para Jô. Para reverter o quadro, quase todo desfavorável, ela vai ter que inovar. Mas como?

Empiricamente, tenho notado uma insatisfação difusa na população de BH, principalmente entre os eleitores históricos do PT ( a recente declaração de Patrus Ananias de que pode apoiar Jô pois não conhece Lacerda, pode contribuir ainda mais para isso). Muitos estão inconformados com o que consideram personalismo excessivo de Pimentel, que não esconde de ninguém que pretende fazer o sucessor e, com isso, abrir caminho para ser o indicado para disputar o governo do Estado com essa mesma aliança que apoia Lacerda. E o Aécio? Esse, que não é bobo nem nada, acha que o êxito desse entendimento o cacifaria para ser o candidato a sucessão de Lula. E não como o anti-Lula ( esse seria o espaço do Serra), mas o pós-Lula.

Jô, então, deveria aproveitar essa insatisfação e capitalizá-la. Fazer uma campanha inteligente, moderna e que não necessite um gasto exorbitante de dinheiro , que, a julgar pela qualidade dos seus programas eleitorais, ela não deve ter de sobra. Usar e abusar da Internet, dos blogs ( tenho certeza que entre os blogueiros Jô ganha de lavada). Apoiar-se na grande boa vontade que uma parcela significativa da classe média culta tem com ela. E, deveria também, aproveitar-se da hesitação que Lula e Patrus mostraram recentemente em apoiar Marcio Lacerda, e colar sua imagem na deles, que são muito bem avaliados por essas bandas.

Enfim, a grande tacada é Jô conseguir polarizar a campanha contra Lacerda e ir para o segundo turno. Se tiver sucesso nisso, aí suas chances aumentam muito, pois no segundo turno o tempo de programa eleitoral é o mesmo para os dois contendores e ela, num embate frente a frente com Lacerda, leva vantagem. E, além disso, não vai ter um enxame de canditados a vereador em campanha inundando a cidade com santinhos que levam o nome deles e o de Lacerda.

Bom, temo que eu tenha sido um pouco genérico nessas minhas considerações, mas terei outras oportunidades de esmiuçar melhor o tema.

PS: Nessas eleições para prefeito de BH não esperem imparcialidade desse blog! :-)

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