segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Debate em BH

Vou reproduzir aqui um comentário que fiz ontem lá no blog do Idelber, no calor da hora, sobre o debate da Rede Record em BH:

"Bom, o debate de hoje na Rede Record foi, na média, bem melhor do que o da Band. Houve mais confronto, menos "joguinho de comadres".

No início do debate, teve uma pergunta de um jornalista sobre a campanha negativa dos candidatos. Nesse momento houve uma certa tensão, troca de acusações. Lacerda disse que a alegação de Quintão de que foi agredido em um debate na faculdade de Direito da UFMG não passou de armação e que tem provas disso. Quintão não rebateu essa acusação de modo convincente. O candidato do PSB também foi bem nesse momento ao não falar diretamente do "mensalão", como ele fez por várias vezes no debate passado. Agora ele preferiu dizer que tem sido vítima de "acusações infundadas", "golpes baixos",etc.

Nesse debate Quintão me pareceu bastante inseguro. Nas respostas, em geral de 2 minutos, ele repetia várias vezes a mesma frase,dando a impressão de que não tinha muito a dizer, de que estava "cozinhando o galo" esperando o tempo passar. Repetiu várias vezes que ele é a continuidade do projeto de Patrus e Célio de Castro, o que me pareceu um tanto quanto ridículo. Além disso, uma de suas peguntas foi mais ou menos assim: " O PMDB é o maior partido do Brasil.Tem mil e tantos prefeitos, seis ministros. O que você acha do meu partido?" Além de desperdiçar uma pergunta, ele levantou a bola para o Lacerda, que soube tirar proveito da pergunta idiota.

Além disso, Quintão em alguns momentos parecia um pouco atordoado. Algumas vezes, principalmente no início do debate, quando ele estava respondendo uma pergunta ele ficava tentando completar a resposta da pergunta anterior, fazia uma confusão danada e não respondia nenhuma das duas.

Lacerda, que mais uma vez foi muito mais propositivo, mais articulado, teve alguns erros também. Por exemplo, no segundo bloco, se não me engano, ele falou que estava tudo bem com a saúde, faltava apenas alguns ajustes, e tal. Aí, Quintão lembrou que a prefeitura tem tido dificuldade em contratar médicos para atender nas áreas mais afastadas do centro. Ou seja, uma bola fora do "poste". Nunca se pode dizer em um debate que está tudo bem com a saúde! Quando Lacerda foi perguntado sobre uma nova rodoviária no Calafate, que estaria sendo idealizada pela atual gestão e que é muito impopular na região, ele disse que ia ver, que confia no atual prefeito, que conversaria com ele para não abrir a licitação por enquanto, que faria só se não tivesse jeito... Não mostrou segurança na resposta. O candidato do PMDB disse: "Eleitores de Calafate, eu assumo o compromisso com vocês de que essa rodoviária não será feita!". Ganhou pontos.

De um modo geral,Quintão repondia com suas conhecidas generalidades ("vou cuidar de gente", "isso dá pra fazê", " vou fazer um governo de coalizão", " vou conversar com todos", "vou dialogar com você") e Lacerda procurava fazer algumas propostas, de maneira mais articulada. No entanto, o "Pimentécio" , tentando parecer auto-confiante e confiável (" eu sei como fazer", "fiz isso minha vida toda","eu tenho experiência", etc), andou o tempo todo em cima da linha que separa a auto-confiança da arrogância,e pode ter pendido mais para essa última na opinião de alguns eleitores. Só por isso eu não digo que Lacerda venceu o debate ( lembram daquele famoso debate entre Critovam Buarque e Joaquim Roriz? O primeiro venceu tão claramente, foi tão melhor, que a população achou que ele foi arrogante e humilhou Roriz, que acabou vencendo a eleição). Vou ter que esperar a repercussão".

***

Uma opinião interesante sobre a disputa eleitoral em BH foi publicada por Kennedy Alencar na sua coluna na Folha Online. Ele disse que estaria ocorrendo uma "reflexão sobre a onda Quintão" e que seria possível uma nova virada.

Acho que pode ser que ele tenha uma dose de razão. Eu também tenho a impressão de que Quintão bateu no teto e seu discurso está cansando a população. No entanto, não sei se Lacerda conseguirá aproveitar esse cansaço e tirar votos do seu adversário.

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