sexta-feira, 23 de maio de 2008

Nova ferramenta do FDA

Escrevi um post recentemente que falava sobre as dificuldade que vem encontrando o FDA ( Food and Drug Administration), que é o órgão responsável pela aprovação, regulamentação e fiscalização de medicações nos EUA, para cumprir o papel que lhe é atribuído.


Um dos principais calcanhares de Aquiles do FDA é a fiscalização de medicações já disponíveis no mercado. São muitos os casos em que foi necessário a morte de várias pessoas, decorrentes do uso de alguma droga, até que o FDA a proibisse. Por conta disso, as autoridades de saúde americanas lançaram ontem o novo sistema chamado Sentinel Initiative.


Esse novo sistema consiste em utilizar a base de dados do maior seguro de saúde americano, o Medicare, para que funcionários do FDA monitorem como as drogas afetam a saúde da população. Essa medida visa aumentar a eficácia e a rapidez da fiscalização.


(O Medicare é um seguro de saúde, bancado pelo governo, que subdisia o tratamento médico de 40 milhões de americanos que tem direito a ele: americanos com mais de 65 anos, ou portadores de doenças incapacitantes ou que necessitem de hemodiálise cronicamente).


Essa medida pode realmente ser uma boa ferramenta para o FDA tentar recuperar sua combalida credibilidade, mas ela tem dois probleminhas na minha opinião. Primeiro, ela não ataca a raiz do problema, que é a força que os lobbies dos grandes laboratórios têm na "máquina" do FDA. Segundo, a população beneficiada pelo Medicare não é um bom parâmetro para se avaliar a segurança de uma medicação para a média da população americana, pois trata-se de uma população mais idosa e com mais c0morbidades. Com isso, elas tendem a usar mais medicações, como bem mostrou a reportagem de hoje do NY Times, e nós sabemos que a interações medicamentosas podem trazer efeitos colaterais que não apareceriam se só uma dessas drogas fosse utilizada. Isso é um viés considerável numa medida como essa, proposta pelas autoridades de saúde americana.

0 comentários: