quinta-feira, 15 de maio de 2008

Cuba e a OMS


















A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em maio, no seu boletim mensal, um artigo intitulado “Cuba’s primary health care revolution: 30 years on”. Revolução é ,sem dúvida, a palavra precisa para descrever o salto de qualidade que a saúde de Cuba deu, desde que Fidel assumiu o poder na ilha. Veja esse quadro, que retrata a probabilidade que tem uma criança de morrer, antes de completar cinco anos de idade, comparando todos os países do continente americano (esse é um dos parâmetros mais sensíveis para avaliarmos a eficácia dos sistemas de saúde).

Em Cuba, o índice é de 7 mortes para cada 1000 nascidos vivos (esse índice era de 53/1000, antes da revolução cubana). Só perde para o Canadá (que também tem um sistema de saúde universal de reconhecida excelência), onde a probabilidade de uma criança nascida viva morrer antes de completar cinco anos de idade é de 6 para cada 1000. Nos EUA, esse índice é de 8 para cada 1000. O Brasil se encontra numa vergonhosa 28ª posição, atrás da Argentina, do Chile, do Uruguai, do México e, até, do Paraguai (o segundo país mais pobre da América do Sul)!


Outro parâmetro importante é a expectativa de vida ao nascer (veja a tabela aqui). Nesse quesito, Cuba se encontra num honroso terceiro lugar nas Américas, atrás apenas de Canadá e Costa Rica. Os homens nascidos nessa ilha caribenha têm uma expectativa de vida média de 75 anos e as mulheres, de 79. Assim, um menino que nasce em Cuba tem expectativa de viver, em média, 7 anos a mais do que um que nasce no Brasil, por exemplo.


Como um país pobre, que vive há mais de 45 anos sob um atroz embargo econômico imposto pelos EUA, pode apresentar números tão significativos na saúde? A resposta é simples: o governo revolucionário priorizou a saúde desde a sua consolidação. Procurou maximizar os resultados investindo em um sistema de saúde público universal (que foi implantado nos anos sessenta. A título de comparação, o SUS brasileiro começou a engatinhar em 1988, a partir da promulgação da nova constituição),em medicina preventiva, em programas de saúde da família e unidades de atendimento primário bem equipados e estrategicamente localizados.


Desse modo, Cuba atingiu a meta de "saúde para todos" da Declaração de Alma-Ata, antes mesmo dela existir. Enquanto isso no Brasil... Bom, o Brasil foi tema do boletim de abril da OMS. O título resume bem o tom do artigo: "Flawed but fair: Brazil health system reaches out to the poor" Mas, vou ficando por aqui. Voltarei a esse assunto em outro post.

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