domingo, 25 de maio de 2008

Allez, Guga


Confesso, hoje meus olhos encheram de lágrimas, diante da televisão. E não foi só uma vez não.

A despedida de Guga do circuito profissional de tênis aconteceu essa manhã, na primeira rodada de Roland Garros, quando ele foi derrotado, por 3 sets a 0, pelo francês Paul-Henri Mathieu. O brasileiro jogou descontraídamente, brincou com o adversário e com a platéia, sorriu, apesar das dores nas costas e no quadril, se emocionou, enfim, deu adeus às quadras de maneira inesquecível para ele e para as pessoas que curtem tênis. Durante o jogo, quando ele fazia algum ponto bonito, a torcida reconhecia o esforço e aplaudia de pé, aos gritos de "Allez, Guga". No final da partida, foi ovacionado com gritos e aplausos ensandecidos, coisa que não vejo desde a despedida de André Agassi (que também me arrancou lágrimas); fez um discurso em francês, e foi homenageado com um troféu, pela direção do torneio.

Essas despedidas me emocionam como o diabo. Ainda mais de um jogador como Guga, cuja carreira eu acompanhei desde o início. Quando eu digo que acompanhei, eu quero dizer que acompanhei "mesmo". Quantas aulas na faculdade eu cabulei para assistir aos jogos dele?( aliás, não só os dele. Eu faltava também para assistir os jogos que eu julgava imperdíveis, que eram muitos, louco por tênis que sou). Quantas vezes eu me emocionei com aquelas batalhas dele contra o Kafelnikov?

Ele foi um jogador que, durante 5 anos ( 1997 a 2002 ou 2003), esteve entre os melhores, e depois dessa fase de ouro, molestado por uma lesão no quadril, caiu de produção e foi criticado ferozmente pelos idiotas de plantão do nosso jornalismo esportivo, que não se sensibilizavam com batalha do atleta para voltar a jogar em alto nível, após 2 cirurgias no quadril. Esses eram os mesmos que esgoelavam ou escreviam com letras ufanistas, durante a boa fase, que o Brasil agora era a pátria de raquetes, estava prestes a se tornar o país do tênis...
Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. O Brasil não tem mérito nenhum nas conquistas do Guga, caras pálidas! Nós sabemos o apóio que recebe o esporte no Brasil, né? Portanto, Guga foi o que foi "apesar" de ser brasileiro. Tudo que ele conquistou foi mérito, única e exclusivamente, dele e de sua equipe. Ponto final.
E agora que Guga parou, como fica o tênis no Brasil? Bem, o horizonte é sombrio, caros amigos. Os desmandos na cartolagem do tênis brasileiro são de chorar. Digamos, para resumir, que a CBT ( Confederação Brasileira de Tênis) é uma espécie de CBF do tênis, que não teve a competência de aproveitar o "boom" de tenistas que o Brasil conheceu, após 1997, para estimular o crescimento do esporte, e proporcionar condições para o surgimento de novos talentos.

Agora,resta-nos torcer para que não demore outros 40 anos para surgir outro tenista de ponta no Brasil, que foi, mais ou menos, o hiato de tempo entre o encerramento da carreira da Maria Ester Bueno ( ela ganhou "só" 7 grand slams de simples, é considerada uma das 400 personalidades mais importantes do século passado pelas Nações Unidas, e pouco se ouve falar nela aqui no Brasil!) e o surgimento de Guga, no título de Roland Garros de 1997.


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