Finalmente chegou o primeiro ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos. E o palco não poderia ter sido melhor. Foi no belíssimo Cubo D'Água e pouco depois de Michael Phelps ter igualado o feito de Mark Spitz, vencendo os 100 metros borboleta e garantindo a sétima medalha de ouro em Pequim.
Cesár Cielo venceu a prova dos 50 metros nado livre quebrando o recorde olímpico, que já era seu desde as semifinais. Ele esteve extremamente concentrado e teve um desempenho magnífico, vencendo todas as séries que disputou dessa prova. Após vencer, deixou a sobriedade de lado e extravasou sua emoção genuína, chorou muito. O choro de quem sabe que um ouro olímpico não é para qualquer um e não é todo dia que se ganha.
E é bom ressaltar: ao contrário do que se lerá e ouvirá por aí , o ouro é dele, só dele, e não do Brasil. Ele o ganhou apesar de ser brasileiro. Sabemos que o país não dispõe de nenhuma política esportiva eficiente, nem para os atletas de ponta nem para a comunidade. Veja uma boa análise disso do colunista do IG e comentarista da ESPN Brasil, Flávio Gomes.
Cabe agora aos cartolas da natação aproveitar o frisson que certamente essa medalha causará e usar isso em benefício da natação brasileira. Fazer justamente o que não foi feito no tênis, que não soube aproveitar o fenômeno Guga e hoje sofre com a falta de talentos.
Para ilustrar: César Cielo tinha 16 anos, morava em Santa Bárbara do Oeste e já fazia sucesso nos torneios de natação. Foi então convidado para treinar no Esporte Clube Pinheiros, na capital paulista. A família se reuniu e decidiu que ainda não era hora de sair de casa, pois ele era muito novo. Alguns dias depois, receberam novo telefonema: dessa vez o convidavam para treinar no mesmo clube, mas com a companhia de Gustavo Borges. A família não hesitou e o garoto foi para São Paulo.
Alguma dúvida quanto ao papel que um ídolo pode desempenhar para o crescimento de um esporte num país? Ainda mais num país carente de política pública voltada para o esporte, como o Brasil?
sábado, 16 de agosto de 2008
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