domingo, 1 de junho de 2008

Longe dela


Estava de bobeira ontem a noite, a patroa pressionou, então resolvi assistir ao filme "Longe dela". Fui a contragosto, pois pela sinopse parecia ser um filme meio sentimentalóide, que não faz meu estilo, embora tenha lido algumas críticas favoráveis, inclusive a da Carta Capital da semana passada.

Meus temores se mostraram justificados. O filme é de um sentimentalismo barato que dá nos nervos. É um clichê atrás do outro. Algumas cenas lembram telenovelas. Uma delas é quando Grant, o personagem principal, vai visitar a casa de um ex-colega de asilo da sua mulher. Como ele, o ex-colega, está provavelmente acamado no seu quarto, a esposa atende a campainha e recebe a visita. Quando Grant vai embora, ela fecha a porta atrás de si, pára um instante e diz : "Idiota!", com um sorrisinho irônico, meneando a cabeça. Essa cena é simplesmente patética, na minha opinião. Ela seria aceitável, na melhor das hipóteses, na "Malhação", ou coisa do gênero. É que eu acho que nem tudo precisa ser dito. Existiam outras formas dela demonstrar seu descontentamento com visita, sem a necessidade de deixar tudo "explicadinho, nos seus miiiiiiínimos detalhes", praticamente dizendo: " Ei, expectador, eu não gostei da visita, viu?". E isso é só um exemplo. O filme tem outras cenas lamentáveis, o que é parcialmente explicado pelo fato da diretora, Sarah Polley, ser estreante na função.

O filme fala de um casal, com 40 anos de casados, cuja esposa, Fiona, começa a apresentar sintomas de mal de Alzheimer. Ela própria decide ser internada numa clínica para idosos. Lá, ela se aproxima muito de outro idoso e surge um afeto muito grande entre eles. Grant, o marido, apesar de sentir-se enciumado, nada pode fazer a não ser visitá-la regularmente, sem maiores cobranças. Um belo dia, a mulher do novo affair de Fiona resolve tirá-lo da clínica e levá-lo para casa. Coincidentemente ou não, ela começa a piorar progressivamente, e o filme mostra a peleja de Grant para aprender a viver essa nova vida, já que, com o passar do tempo, Fiona nem sequer consegue se lembrar dele.

Relendo agora o que eu escrevi acima, começo a achar que talvez eu esteja sendo demasiadamente duro com o filme, pois, justiça seja feita, uma coisa se salva em meio à mediocridade: a bela atuação de Julie Christie, que faz o papel de Fiona. Beira a perfeição o modo como ela retrata uma portadora do mal de Alzheimer, com aquela expressão de alheamento, tão típica dos que padecem dessa doença. No entanto, esse trabalho primoroso de Julie Christie, infelizmente, não é o suficiente para transformar esse filme que, reitero, é cheio de frases feitas e busca emoções fáceis, num grande filme.
Concluindo, vale a pena assistir ao filme?, alguém poderia me perguntar, e eu responderia: só se você não tiver nada melhor para fazer.

2 comentários:

Ana Leticia disse...

hehehe Esses filminhos clichês tb me dão nos nervos. Vem cá, já assistiu "Na Natureza Selvagem" (Into the Wild)??? Adorei, é um filme q vale à pena (nada clichê). hehehe
Bjo
Ana
www.mineirasuai.blogspot.com

Bruno disse...

Ana,

Ainda não assisti ao "Na natureza selvagem", mas como vc está dizendo que vale a pena, eu assistirei em breve... bj