quarta-feira, 29 de julho de 2009

Curtinhas

Quando um cara escreve isso, tenta se justificar assim, depois assim e ainda arremata com esse apanhado de pérolas, não sei nem por onde começar a desconstruir os seus argumentos. Aliás, nem sei se vale a pena argumentar com quem pensa assim. Bom, para encurtar a conversa, leia os links e constate o inegável: Danilo Gentili é um racista de marca maior, praticante da modalidade "preconceito descolado". Ponto final.

PS: Sobre a "subjugação pelo riso" , leia o artigo acadêmico "A mediação do riso na expressão e consolidação racismo no Brasil", de Sandra Leal de Melo Dahia. Aí vai um trechinho da introdução: "O discurso jocoso parece ser uma das possibilidades peculiares ao brasileiro de resolver conflitos identitários na vivência de suas relações raciais. Por meio do riso, o brasileiro encontra uma via intermediária para extravasar seu racismo latente, contornando a censura e a reflexão crítica sobre seu conteúdo e sobre o alcance de satisfação simbólica que o riso propicia, ao mesmo tempo em que ele não compromete sua auto-representação de não racista". Taí, perfeito.

(Sugestão aos parlamentares que forem entrevistados por Danilo Gentili: http://migre.me/4kos)
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Tuitei ontem uma afirmação muito interessante de Bernardo Kucinski sobre a imprensa brasileira: "A elite dominante é, ao mesmo tempo, a fonte, a protagonista e a leitora das notícias; uma circularidade que exclui a massa da população da dimensão escrita do espaço público", sugada de um artigo de Venício A. de Lima publicado no Observatório da Imprensa (via Blog do Nassif).

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Quem me conhece sabe o quanto eu sou tímido. Não chego a ser um bicho do mato, mas sou realmente tímido. Isso me traz uma série de problemas, mas também pelo menos uma vantagem: isso me faz um cara muito observador, o que sempre me rende algum "causo".

Domingo passado eu estava no aeroporto de Goiânia e, na minha frente na fila do check-in, duas meninas de uns 10 ou 11 anos estavam conversando sobre uma outra garota mais ou menos da idade delas que estava no saguão:

- Olha lá que ridícula!
- Nossa, nada a ver: calça de moleton rosa e bota com plataforma!
- Horrível!
- Totalmente out.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Há 43 anos

Veja a transcrição de um trecho do discurso de posse de José Sarney ao assumir o governo do estado do Maranhão em 1966. Nesta eleição, Sarney, com apoio entusiasmado do governo do Marechal Castello Branco, derrubou a oligarquia Victorino Freire, o homem que introduziu o futuro presidente na política. Sarney, membro da ala "bossa nova" da UDN, prometia o "Maranhão Novo", moderno e industrializado em contraposição ao Maranhão "atrasado" e "arcaico" representado pelo victorinismo. Sabemos como terminou isso...

"Recebo na praça pública o direito de governar o Maranhão. Direito que me foi dado pela vontade soberana do povo. O nosso céu e nossa terra testemunharam os longos heróicos e ásperos caminhos que nos conduziram a essa tarde, a essa solenidade e a esse instante. O mandato que venho receber tem a marca da luta e a chama da mais autêntica vontade popular, da liberdade de escolher e preferir, da consciência das opções.

O Maranhão não suportava mais nem queria o contraste de suas terras férteis, de seus vales úmidos, de seus babaçuais ondulantes, de suas fabulosas riquezas potenciais com a miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero das corridas que não levam a lugar nenhum senão ao estágio do que o homem de carne e osso é o bicho de carne e osso.

O Maranhão não quer a desonestidade do governo, a corrupção nas repartições e nos espaços (públicos). O Maranhão não quer a violência como instrumento da política para banir direitos os mais sagrados que são o da pessoa humana, com a impunidade dos assassinos garantida pelos delegados e a liberdade garantida apenas como uma oportunidade para abastardar os homens.

O Maranhão não quer mais a coletoria como uma caixa privada a angariar dízimos inexistentes para inexistentes arcas reais que não são inexistentes (!) porque se podem pronunciar os nomes dos beneficiários identificados ao longo desses anos de corrupção.

O Maranhão não quer a miséria, a fome, o analfabetismo e as altas taxas de mortalidade infantil - de tuberculose, de malária, de esquistossomose - como um exercício do cotidiano.

O Maranhão não quer e não quis morrer sem gritar, não quis morrer estático de olhos parados e ficar caudatário marginal do progresso, olhando o Brasil e o nordeste progredirem, enquanto nossa terra mergulhava na podridão e não podia marchar nem caminhar".

* Fonte: documentário "Maranhão 66: posse do governador José Sarney", de Glauber Rocha.

PS: Recomendo a leitura do artigo Do ""Maranhão Novo" ao "Novo Tempo": a trajetória da oligarquia Sarney no Maranhão", de Wagner Cabral da Costa.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O inconveniente

Estava tudo certo, eu ia ao Simpósio Internacional de Saúde do Homem, lá em São Paulo. Tinha combinado de ficar na casa de um amigo, já estava com a grana para pagar as passagens de ida e volta, tudo pronto... Mas aí recebi este e-mail:


Sem chance, né? Mudança de planos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Capitalismo de acesso

Aí vai a minha pequena contribuição no clube de leituras sobre o livro "Extinção, de Paulo Arantes, que está rolando lá no Consenso, só no paredão.

O Alexandre fez um belo resumo do livro. Agora eu acho que nós poderíamos falar um pouco mais dos conceitos mais interessantes abordados pelo livro, além do de “guerra cosmopolita”, sobre o qual o Hugo escreveu muito bem, o de “capitalismo de acesso” e “crony capitalism”.

No início do capítulo “A viagem redonda do capitalismo de acesso”, Paulo Arantes resvala no debate sobre
software livre e propriedade intelectual - pena que não se aprofundou nesse tema – e faz uma afirmação instigante, citando “um estudioso dessa fronteira da acumulação baseada na tecnociência”: “ a ambição maior da nova economia é controlar o acesso à dimensão virtual da realidade, apropriar-se do futuro, em suma”. E faz um link interessante entre esse movimento de “antecipação que caracteriza a dinâmica da aceleração total da economia de acesso”- a apropriação do acesso à informação seria uma das novas formas de acumulação primitiva - e a estratégia americana de guerra preventiva, que, ao fim e ao cabo, nada mais é do que uma “questão de direito de acesso resolvida manu militari”. Acesso ao petróleo iraquiano, a novas oportunidades de negócio etc.

Essas oportunidades de negócios, obviamente, foram oferecidas aos velhos amigos da família Bush, no melhor estilo “capitalismo de compadres”. Uma perversão do livre mercado. Aqui, uns são mais livres que os outros. Os que têm acesso, os
insiders, levaram a melhor parte do espólio iraquiano. São os “velhos amigos ajudando-se uns aos outros, como sempre, acionando a velha porta giratória do circuito público-privado”.

Isso me remeteu a uma cena do filme "Fahrenheit 9/11", de Michael Moore, em que o jovem Bush Jr fala a possíveis futuros clientes: “eu não tenho poder, mas tenho acesso a ele”. Estávamos sob administração Bush pai. O “capitalismo de compadres” com a “porta giratória público-privada” acionada não é privilégio do império, na periferia ele também está mais do que presente. Veja o caso de Malan, ex-ministro da fazenda e agora alto executivo do Unibanco, só para ficar num exemplo.

Resumindo, e usando uma frase feliz do Paulo Arantes, “a viagem redonda do capitalismo de acesso vem a ser esse retorno da Acumulação Primitiva”

Como disse o Hugo aí em cima, esse livro “levanta várias bolas” e deixa alguns “fios soltos”. Eu tentei puxar um desses fios aí...


Vá lá ao Consenso, só no paredão. Mesmo que você não tenha lido o livro, vale muito a pena acompanhar a discussão de altíssimo nível que está rolando.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Twitter

Caso você ainda não tenha notado, eu agora estou no twitter. E estou encantado com aquele troço!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Critérios de relevância do Estado de Minas

Lula recebeu ontem o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela UNESCO. O presidente brasileiro foi premiado “por suas ações em busca da paz, do diálogo, da democracia, da justiça social e da igualdade de direitos, assim como por sua valiosa contribuição para a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos das minorias”. Para vocês terem ideia da importância desse prêmio, um terço dos agraciados com tal distinção ganhou posteriormente o Prêmio Nobel da Paz. Mas isso parece não comoveu os grandes jornais brasileiros, que ou ignoraram solenemente o fato ou noticiaram com indisfarçável má-vontade.

Mais feia ainda foi a posição tomada pelo jornal Estado de Minas, também conhecido como assessoria de imprensa de Aécio Neves. O jornalão mineiro não só não escreveu uma linha sequer sobre esta premiação, como colocou na primeira página uma foto do presidente Lula tropeçando ao sair de um encontro com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Quais serão os critérios de relevância utilizados pelo jornal, hein?

*Foto que a imprensa oficial do estado, ops, quer dizer, o jornal Estado de Minas publicou na sua primeira página.


*Foto de Lula recebendo o prêmio Félix Houphouët-Boigny. Essa o jornal mineiro achou irrelevante.

EUA, Brasil, Madoff e Dantas

Todo mundo já deve ter ficado sabendo que, há uma semana, Bernard Madoff foi condenado a 150 anos de prisão por ser responsável por um esquema de fraude que lesou cerca de 8 mil pessoas. A justiça americana levou apenas 3 meses para julgar, condenar e prender o meliante. Enquanto isso aqui no Brasil, um ano depois de desencadeada a operação Satiagraha, Daniel Dantas está solto e o policial que comandou as investigações e o juiz que decretou a prisão do banqueiro estão sendo submetidos a uma saraivada de acusações e intimidações.

Comentário de Mino Carta na CartaCapital desta semana: "Talvez falte nos Estados Unidos um Gilmar Mendes para disciplinar a juizada de primeira instância que teima em condenar gente da estirpe de Madoff e os policiais que insistem em mantê-la algemada".

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mais uma da loiríssima Catanhêde

Fazia tempo que eu não lia a Folha de S.Paulo. Hoje, como estou de folga, resolvi dar uma passada de olho no jornal da ditabranda. Logo na página 2 me deparei com uma coluna intitulada "Lula, o multimídia" e assinada por Eliane Catanhêde. Pensei comigo: "Essa eu quero ler."

No início do artigo, a loiríssima Catanhêde fala sobre a grande exposição de Lula na mídia. Diz ela que Lula está o tempo todo sob os holofotes da mídia tradicional e, além disso, tem o "café com o presidente", a coluna no jornal que estreará hoje e o site da presidência. Como se não bastasse, está programado o lançamento do blog e do twitter do presidente. Essa gentinha não sabe mesmo o seu lugar, né, Eliane?

Bom, aí, para encerrar com chave de ouro o seu "brilhante" artigo, a loiríssima escreveu: "Para isso existe e resiste a imprensa independente, que mantém espaços de opinião, ao lado do farto noticiário diário sobre o presidente, para trazer ao debate a crítica, o contraponto, o questionamento real, a saudável provocação. É claro que Lula e os lulistas não gostam, como FHC e os tucanos não gostavam. Mas é democrático, funciona como contrapeso e alerta. Ainda mais quando o presidente se coloca acima do bem e do mal. E sonha com a unanimidade".

Após ler isso, eu respirei aliviado. Ainda bem que existem a Folha, o Estadão, o Globo e a Veja e seus bravos jornalistas, como a Eliane, para serem os guardiões da nossa democracia e impedirem que essa gentinha tome conta de tudo.

Desejo e perigo

Domingo eu assisti a um belo filme. Desejo e Perigo, do diretor chinês Ang Lee. De volta à terra natal, depois da experiência hollywoodiana que incluí sucessos de público como O segredo de Brokeback Mountain e Hulk, Lee volta a fazer um filme impactante e artisticamente relevante.

A ação do filme acontece na China ocupada pelos japoneses durante a segunda guerra mundial. Um grupo de amigos decide que não pode ficar de braços cruzados vendo a pátria ser humilhada. Planejam então assassinar um desconfiado e bem-protegido chinês do alto escalão do governo colaboracionista, o Sr Yee. A linda estudante Wang Jiazhi é escalada para tentar se infiltrar na casa dele e descobrir detalhes sobre os seus hábitos e mais algumas informações que pudessem ser útil à resistência. E ela consegue muitos destes objetivos ao ganhar a confiança do Sr e da Sra Yee e passar a freqüentar a sua casa com constância, porém sob o disfarce de uma rica esposa de um empresário chinês. Para tentar se aproximar ainda mais do Sr Yee, Wang o seduz. As cenas de intimidade entre os dois, a angustia e olhar distante durante o sexo e os pequenos gestos que deixam transparecer algo semelhante a afeto são os pontos altos do filme.

Mais não vou contar. Desejo e Perigo tem figurinos e fotografia lindos, atuações impecáveis, principalmente de Wei Tang (Wang Jiazhi) e Tony Leung Chiu Wai (Sr Yee) e é muito bem dirigido. Veja o filme, você terá quase três horas de puro deleite.

Mas não era sobre este filme que eu iria falar hoje, era sobre Stella, um dos melhores que eu vi este ano. Outro dia eu faço um post sobre ele.

(Fazia tempo que eu não escrevia sobre cinema, né?)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Federer fez história no All England Club

Arquibancadas lotadas e cheias de celebridades testemunharam um importante capítulo da história do tênis sendo escrito. Roger Federer, aos 27 anos de idade, venceu seu décimo-quinto grand slam, deixando para trás o antigo recordista Pete Sampras, que tem 14 títulos. E, de quebra, reassumiu a liderança do ranking mundial.


Antes do início da partida, eu tinha certeza de que seria um jogo para cumprir tabela, pois Federer venceria por 3 sets a 0. Eu estava,como de costume, redondamente enganado. O adversário da final, o freguês Andy Roddick, jogou um tênis de altíssimo nível. Eu acho que nunca vi um tenista sacar tão bem durante tantos games. O suíço precisou jogar 75 games até conseguir quebrar um serviço de Roddick, no último game do jogo. Uma coisa impressionante, acho que um recorde. E a partida foi vencida por Federer por 3 sets a 2, com 16X14 no quinto set (o quinto set mais longo da história das decisões de simples de grand slam).

Roddick, que é conhecido por pipocar diante de Federer, mudou seu estilo de jogo e obrigou o suíço a utilizar todo o seu vasto arsenal de golpes e jogar o seu melhor tênis para vencer a partida. Roddick esteve impressionantemente consistente no fundo de quadra, cometendo pouquíssimos erros não-forçados. Estava muito concentrado, trocando bolas com paciência, sem a afobação que lhe é característica.Isto, associado a seu saque, fizeram com que ele fosse um tenista quase imbatível ontem. Se do outro lado da rede não estivesse Federer mas outro tenista qualquer, ele teria sido o campeão.

Em minha opinião, o que de mais impressionante fez o Roddick na partida, além do saque, foi ter se perdoado por ter perdido o segundo set. Ele tinha vencido o primeiro e vencia por 6x2 no tie-break do segundo. Teve pelo menos uma chance clara de fechar o set, mas desperdiçou um voleio fácil de esquerda quando estava vencendo por 6x5, e permitiu a virada de Federer, que venceu o tie-break por 8x6. Foi o único vacilo de Roddick durante toda a partida. Depois de tomar essa virada, era de se esperar que o americano não conseguisse se concentrar novamente para manter o equilibrio do jogo, mas ele continuou como se nada tivesse acontecido, lutando com muita garra. Roddick teve o mérito de ter tornado esta a segunda melhor final de Wimbedon da década. A melhor da década, e talvez da história, foi a do ano passado entre Federer e Nadal.

Bom, Federer venceu seu décimo-quinto grand slam e se tornou o tenista mais vitorioso da história. É o sexto tenista da história a vencer todos o quatro grand slam. O quarto tenista na era aberta a vencer Roland Garros e Wimbledon no mesmo ano ( os outros 3 são: Rod Laver, Bjorn Borg e Rafael Nadal, no ano passado). O tenista que mais vezes disputou finais de grand slam, 20. Enquanto Sampras levou 13 anos para ganhar 14 títulos, Federer precisou de apenas 7 para vencer 15. Ou seja, são tantos recordes que nem cabem aqui.

Com todos estes números é possível dizer que Federer é o maior tenista da história? Eu já disse aqui que acho complicado comparar tenistas de eras tão diferentes, mas vejamos o que as próprias lendas dizem a respeito:

Pete Sampras: "No meu livro, ele é o maior de todos os tempos. Seus críticos e outras pessoas apontam para o fato de Rafael Nadal derrotá-lo, mas para mim ele é o maior. Ele é uma lenda e um ícone". E disse mais: "Ele é um grande campeão e um bom sujeito. Ele é muito humilde, e eu gosto disso". E ainda completou: "Ele não faz esforço quando joga. Saca bem, tem um forehand ótimo e o backhand também. Sou fã da maneira como ele joga, da pessoa que é. Federer é um sujeito de classe dentro e fora da quadra. É divertido vê-lo jogar. Só por sua habilidade atlética, pelo que ele é capaz de fazer na troca de bola. Acho que ele pode e vai quebrar todos os recordes do tênis que existem". E ao ser peguntado se Federer poderia ser considerado o maior de todos os tempos, respondeu: "Eu tenho que dizer que sim".

Rod Laver:"Acho que o público deveria olhar apenas para os seus pés. Olhar só para Roger e não a bola. Aí, verão como ele é um bom jogador e como faz tantas boas jogadas. Sua habilidade é maravilhosa" Disse também:"Roger é um daqueles jogadores que mantém a bola no jogo, tem forehands e backhands miraculosos".

Andre Agassi: "Isso encerra a discussão sobre o lugar que ele ocupa na história do esporte".

Bjorn Borg: "Ele pode jogar por mais três anos, pelo menos. Se ele não se machucar e continuar com vontade de vencer, ainda haverá muitas finais. Ele simplesmente não tem mais nenhum ponto fraco. É um grande prazer vê-lo jogar. Para mim, Roger Federer é o modelo certo para qualquer um que deseje se tornar um jogador de tênis ".

Bom, se são as lendas que estão dizendo... Então fica combinado: Federer é o maior tenista da história. Ponto Final.

(na segunda foto, perfilados os 4 maiores tenistas de todos os tempos. Da esquerda para a direita: Bjorn Borg, Pete Sampras, Roger Federer e Rod Laver. Este último merece um capítulo à parte. Ele foi o último homem a vencer o true grand slam. E o ganhou por 2 vezes. Sobre ele, o único que pode aspirar ser comparado a Federer, escreverei outro dia)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Flashes de Wimbledon II


E o torneio mais tradicional do circuito vai chegando ao fim. Entre as mulheres a decisão será Serena contra Venus Williams, conforme eu previ no meu twitter. Federer fará a final contra o surpreendente Andy Roddick.

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Na primeira semifinal Roger Federer pegou Tommy Haas. Este havia dado um trabalho danado pra aquele nas quartas-de-final de Roland Garros deste ano. Em Paris o alemão chegou a estar vencendo por 2 sets a 0, mas amarelou e permitiu a virada do suíço. O jogo de hoje não lembrou em nada aquele de semanas atrás. Federer dominou a partida do começo ao fim, como o esperado, e venceu por 3x0.

Umas palavrinhas sobre o alemão: Tommy Haas é o Federer que não deu certo. Ele é um tenista extremamente habilidoso, talentoso. Tem todos os golpes. Quando apareceu no circuito, muitos apostavam que ele logo seria número 1 do mundo. Mas durante toda a sua carreira, que já está entrando na sua reta final, lutou contra contusões e, quando estava bem fisicamente, sua cabeça não ajudava. Por isso ele não foi e não é um tenista vencedor. Nunca liderou o ranking mundial e nunca venceu um grand slam.

Depois de ter vencido o único grand slam que faltava ao seu currículo, Roger Federer está jogando mais leve, mais senhor de si. Parece que ele tirou um peso enorme dos ombros. Além disso, faz uns sete ou oito anos que ele é o melhor jogador de grama do circuito, disparado, apesar da derrota para Rafael Nadal no ano passado. O suíço é o grande favorito para a final de domingo, ainda mais levando-se em conta o retrospecto contra o seu adversário...

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... que será Andy Roddick. O americano surpreendeu o escocês Andy Murray, o grande favorito para este confronto, ao fazer um jogo muito consistente e agressivo de fundo de quadra, com pouquíssimos erros não-forçados e constantes e eficientes subidas à rede. Murray tentava usar a tática que sempre deu certo contra Roddick: passava a bolinha para o outro lado e esperava que o americano forçasse e errasse ou que encurtasse a bola, propiciando o contra-ataque. Usou a tática certa, só faltou combinar com Roddick.

O americano venceu por 3x1, apesar da enorme torcida britânica que lotou a quadra central e a Henman Hill ( o morro que fica atrás da quadra1, onde tradicionalmente é instalado um telão. Este morro ficava lotado durante os jogos de Tim Henman, o último britânico antes de Murray a chegar às semifinais de Wimbledon, por isso o nome. Alguns já falam em trocar o nome do morro para Murray Mound) para apoiar o jogador escocês, que, sem dúvida, sabe como fazer a torcida se envolver com a partida.

Quando soube que enfrentará Roddick na final, Federer deve ter aberto um Côtes du Rhône para comemorar. Ele sabe que o americano tem um respeito reverencial por ele, quase um temor. Federer, portanto, é o virtual campeão do torneio de Wimbledon.

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Nenhuma surpresa no torneio feminino. As irmãs Williams repetirão a final do ano passado e, de quebra, farão também a final do torneio de duplas.Venus e Serena elevaram o tênis feminino a um novo patamar. Venus, na semifinal de duplas de hoje, deu um saque que atingiu 204 km/h! Só uma tenista além dela é capaz de sacar assim: a sua irmã Serena. Ou seja, elas são muito mais fortes que as demais. E mais talentosas também, sem dúvida. Elas só não dominam o ranking mundial porque não querem: elas não gostam de treinar; odeiam preparação física (veja o tamanho da bunda da Serena. Não é bunda de atleta, né?); fazem muitas outras coisas além de jogar tênis; não disputam todos os torneios que deveriam. Elas são as Romárias do tênis! É para quem pode...

Venus já venceu 5 vezes em Wimbledon e Serena, 2. Aquela é melhor em quadra de grama e esta é mais completa. A irmã mais velha joga muito bem à rede e a mais nova prefere atacar do fundo da quadra. Vai ser uma final bem interessante. Se eu tivesse que apontar uma favorita eu apontaria Venus, embora esteja torcendo pela Serena.