segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Os fanzocas do Agripino e a dissolução da ideia de raças

Eu acho que já disse isso aqui: estou viciado no twitter. Ele proporciona uma agilidade e uma interatividade impossíveis de serem reproduzidas em blogs. Não que estes últimos morrerão e serão substituídos pelos microbloggings, como eu tenho lido por aí. Acho que eles se complementam. Lá há uma maior troca de informações e links e aqui, nos blogs, há maior possibilidade de reflexão e aprofundamento das discussões.

Não que lá também não sejam possíveis discussões proveitosas. Embora mais superficiais e fragamentadas, são possíveis e frequentes, lógico que dependendo de quem são seus interlocutores. Neste fim de semana, por exemplo, eu participei de vários debates interessantes: sobre sexismo, religião, política, sobre o papel que Marina Silva desempenhará em 2010... Mas não vou falar aqui sobre nenhum desses, falarei sobre outro, que envolveu a @equipeagripino.

Por causa da oposição do DEM à aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, os fanzocas do senador José Agripino Maia foram provocados via twitter e tiveram que sair em defesa do seu partido. Primeiro tuitaram isso: "Somos biologicamente iguais. O DEM acredita ser erro dividir país em raças (conceito ultrapassado). Defende cotas sociais." Claramente preocupados com a soberania nacional, afirmaram: "O conceito de raças é uma criação de colonizadores europeus. Geneticamente somos iguais: é o que diz a ciência atual." Então, várias pessoas contestaram: biologicamente não existe divisão racial, mas culturalmente sim. O racismo está aí, o que o DEM sugere? A @equipeagripino respondeu "brilhantemente" a esses questionamentos: "Preferimos tentar dissolver a ideia de raças", e acrescentou, dando prova irrefutável de que as cotas raciais não estão com nada: "Obama não precisou de contas raciais". E, aos que discordaram de suas opiniões, sugeriu a leitura de "Ironia, Contingência e Solidariedade", de Richard Rorty, autor que é radicalmente a favor das cotas raciais, como prontamente nos lembrou Idelber Avelar.

Se prevalecerem as ideias do DEM, resta-nos torcer para que daqui a trezentos anos a ideia de raça se dissolva e, assim, finalmente, logremos a democracia racial, a mais brasileira das utopias. E até lá, como ficam os negros? Sei lá, pergunta pro pessoal do DEM, a grande novidade do quadro partidário brasileiro e, evidentemente, um partido muito comprometido com a defesa dos direitos das minorias, como comprova esta declaração de José Bezerra Júnior, suplente de José Agripino Maia (DEM/RN), sobre o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc: "Minha família tem 250 anos de tradição na pecuária desse país e hoje chega um maconheiro, travestido de ministro, vestido como gay para chamar os criadores de vigaristas e marginais."

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