sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Mais aberto da Austrália


Eu estava planejando escrever mais sobre o Austrália Open apenas domingo, após a final masculina, mas não podia deixar de falar do jogo épico da manhã de hoje entre os compatriotas Rafael Nadal e Fernando Verdasco. Uma batalha que foi decidida apenas no quinto set, após cinco horas e quatorze minutos de jogo, a partida mais longa da história do torneio.

O primeiro set foi pau a pau, sem nenhuma quebra de saque, e foi decidido apenas no tie-break, com vitória do tenista número 15 do ranking mundial. No segundo, Verdasco continuou jogando com muita agressividade, forçando muito o saque, mas Rafael Nadal fez o que se espera de um fenômeno como ele: tirou coelho da cartola nos momentos decisivos. O número 1 do mundo jogou com perfeição o décimo game, quebrou o serviço de Verdasco e ganhou por 6X4 o segundo set. No set seguinte os dois tenistas tiveram muitas dificuldades em seus games de serviço. Com essa irregularidade de ambos, o set foi novamente para o tie-break, que Rafael Nadal venceu, aproveitando-se de vários erros não forçados de Verdasco.

"Bom, Nadal jogou muito no tie-break e seu adversário fraquejou nos momentos decisivos do segundo e do terceiro set. Então o jogo está no papo para o número 1 do mundo", pensei com os meus botões. Eu estava redondamente enganado. Verdasco conseguiu manter o jogo equilibrado, levando o quarto set para novo tie-break, que, dessa vez, ele jogou com perfeição. Não deu chances a Nadal.

O quinto set foi jogado mais com o coração do que com braços e pernas por ambos. Era emocionante ver o esforço que os dois atletas faziam para conquistar cada ponto. No final prevaleceu a experiência de Nadal, tenista que vai disputar sua oitava final de grand slam. Verdasco, que nunca foi além da quarta rodada em nenhum dos majors, fez o que pôde: arriscou(76 erros não forçados contra apenas 25 de Nadal) , atacou muito (95 winners ante a 52 do seu adversário) e, com isso, supreendeu Rafael Nadal, que teve que usar todas as suas ferramentas para vencer. Enfim, foi um jogaço!

Agora, vamos ter a tão esperada final entre Rafael Nadal e Roger Federer. Este busca seu 14º grand slam, tentando igualar o recorde de Pete Sampras, enquanto o espanhol quer o seu primeiro título de major em quadra dura. Nenhum dos dois vai ter facilidade para alcançar o seu objetivo. Nadal venceu os quatro últimos confrontos entres os dois e está no seu auge, mas Federer, apesar de, me parece, já estar na trajetória descendente da parábola, leva a melhor quando se leva em conta apenas os jogos em quadra dura, além disso, tem a vantagem de ter ganho sua semifinal em sets diretos, portanto, teoricamente, estará com melhor condição física para a final. Isso se Rafael Nadal fosse um jogador normal...


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Flashes do aberto da Austrália


Estamos chegando ao final do primeiro grad slam do ano. Já temos 3 finalistas: Serena Wiliams e Dinara Safina (foto) na chave feminina e Roger Federer na masculina. O quarto finalista será definido na partida entre os espanhóis Fernado Verdasco e Rafael Nadal. Se este vencer, teremos 2 finais eletrizantes.


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O grande favorito na semifinal que ainda está por se realizar é sem dúvida Rafael Nadal: ele é o cabeça de chave número 1 e ainda não perdeu nenhum set (!) na competição. Até aqui ele varreu todos os seus adversários com uma facilidade incrível, e entre seus oponentes estiveram Simon, número 8 do mundo, e Fernando Gonzales, número 14, ou seja, ele não bateu só cabeças-de-bagre não.

Tenho que confessar que eu não estava botando muita fé no número 1 do mundo. Antes do início do torneio, devido às constantes contusões no seu joelho, eu pensava que ele não estava em boas condições físicas para aguentar jogos numa quadra dura e sob um sol de 40º C. Como vimos, ledo engano. Ele está jogando como nunca e é favoritíssimo para vencer a semifinal.

Do outro lado da rede estará Fernado Verdasco, o azarão. Ele é o número 15 do mundo e venceu um dos grandes favoritos a ganhar o torneio, Andy Murray. Joga com uma raça incrível, é um osso duro de roer. Mas do jeito que Nadal está jogando...


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A outra semifinal masculina foi hoje de manhã. Roger Federer venceu por 3X0 o americano Andy Roddick, seu velho freguês. Roddick prometia dar mais trabalho, afinal ele venceu outro favorito ao título, Novak Djokovic, por desistência. Mas Federer, após o aperto pelo qual passou nas oitavas-de-final, quando chegou a estar perdendo por 2 sets a 0 para Tomas Berdych, parece que reencontrou seu jogo, voltou a ter gana. Nas quartas e na semi, Federer não tomou conhecimento de seus adversários e chega à final com o moral elevado. Só não sei se isso será o suficiente contra o embalado Nadal.


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Na chave feminina a coisa promete ser ainda mais interessante. De um lado a número 2 do mundo Serena Williams, do outro, a terceira do ranking mundial Dinara Safina. Quem vencer a final será a número 1 , cabendo à perdedora se contentar com a segunda posição no ranking.

Serena, apesar de jovem, está mais do que acostumada a grandes decisões, afinal ela já venceu 9 grand slams e já permaneceu por 61 semanas como número 1 do mundo. Experiência definitivamente não lhe falta. Mas me parece que ela não está jogando seu melhor tênis, não aquele tênis que a colocou como a jogadora dominante do início dessa década. No entanto, ela é uma jogadora tão talentosa, tão completa, que mesmo relaxando nos treinos e na preparação, como é notório que ela tem feito nos últimos anos, ela sempre tem que ser colocada entre as favoritas. Para confirmar isso que estou dizendo, basta ver com que autoridade ela bateu a tenista que melhor estava jogando no torneio e que ainda não havia perdido nenhuma partida no ano, a russa Elena Dementieva, por 2X0.

Mas para ser campeã, Serena terá que passar por outra russa, Dinara Safina. Esta, antes do início do torneio, era apontada por especialistas como favorita ao título. Ela é jovem, nunca venceu um grand slam, mas esse favoritismo tem razão de ser: ela joga muito tênis. Para vencer a americana ela vai ter que ter muita cabeça, coisa que às vezes lhe falta em alguns momentos, assim como a seu irmão famoso. A russa começou o torneio jogando mal, o que levou muita gente a dizer que ela estaria escondendo o jogo, e veio crescendo no decorrer das rodadas. Na semifinal ela venceu por sets diretos a sua compatriota Vera Zvonareva.

A final será imprevisível, com as duas tenistas buscando ter o comando das ações o tempo todo. As duas adoram atacar, são muito agressivas. Serena tentará desestabilizar emocionalmente a russa, impondo seu ritmo de jogo, enquanto esta tentará empurrar a americana para o fundo de quadra, trocando bolas, para cansá-la e assim tirar vantagem de sua juventude e melhor preparo físico. Para quem gosta de tênis, esse será um jogo imperdível, tanto quanto a final masculina, se Nadal passar por Verdasco.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O levante dos malês

Há exatamente 174 anos centenas de negros- a maioria escravos-, vestindo abadás e barretes, investiram contra as espingardas das forças do Estado, empunhando porretes e espadas, e instalaram o caos nas ruas de Salvador. Era o levante dos malês, a mais fascinante revolta escrava ocorrida no Brasil.

Sob a batuta dos mestres Ahuna, Pacífico Licutan, Manoel Calafate, Dandará, Luís Sanin e outros, um grupo de africanos islamizados (a maioria dos revoltosos), os malês, que foram capturados na sua terra e escravizados no Brasil, planejaram o levante por anos. Reuniram-se, confabularam, juntaram dinheiro (para comprar as cartas de alforria dos mestres que ainda não eram libertos), adquiriram armas...Queriam, quem sabe, implantar o Califado da Bahia, além de matar todos os brancos e escravizar os mulatos.

A explosão da revolta estava marcada para o dia 25 de janeiro de 1835, pela manhã, dia de Nossa Senhora da Guia, dia em que a vigilância aos cativos provavelmente estaria mais relaxada. Mas o plano inicial teve que ser alterado, e isso pôs tudo a perder.

Na madrugada do dia 24 para o dia 25 de janeiro, um grupo de malês estava reunido na casa de Manoel Calafate, esperando o amanhecer do dia para começar o ataque. No entanto, por mais que tivessem tomado cuidado, boatos de que escravos estariam programando uma grande rebelião começaram a circular por Salvador. Agentes do Estado já começaram a ficar de orelha em pé. Aí, uma atitude passional serviu para alertar os policiais. A liberta Sabina, após trocar informações com outra liberta, a Guilhermina, resolveu ir à casa de Manoel Calafate, procurando seu companheiro, Victório Sule, com quem tinha brigado naquele dia pela manhã e que saíra de casa levando uma trouxa de roupas. Ela sabia que ele era um dos conspiradores. Ao chegar à casa do mestre e ouvir que Victório não estava lá, ela aprontou um escândalo, dizendo que ouvira a voz do companheiro e que a deixassem entrar, senão... Bom, diante disso, os policiais tiveram que agir. Quatro foram enviados para a casa de Calafate. Os malês que lá estavam reunidos, vendo que não poderiam mais esconder a conspiração, resolveram adiantá-la. Mataram os quatro policiais e sairam às ruas, desordenadamente, avançando sobre as fortificações e a cadeia - para libertar o mestre Licutan, que lá estava preso.

Por 3 horas o caos foi total nas ruas de Salvador. Mas eram porretes, facas e espadas contra espingardas e pistolas; além disso, os malês não puderam fazer o ataque como planejaram, pois outros grupos, reunidos em outras casas, esperavam o dia amanhecer para poder entrar em ação. Com isso, os malês, apesar de terem lutado bravamente, foram presas fáceis para os policiais. Muitos foram mortos, outros, presos. Os mestres que escaparam, sumiram e o islamismo foi perseguido ferozmente nos anos seguintes. O sonho do califado da Bahia foi definitivamente enterrado.

Essa é a história, bem resumida, do impressionante levante dos malês.

Fonte: REIS, João José. Revolução escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. Companhia das Letras.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Aécio e imprensa mineira, tudo a ver


Só hoje tomei conhecimento de mais esse documentário que trata da relação promíscua entre nhô Aécio e a mídia mineira. Nada de novo para quem acompanha a política mineira de perto. No entanto, vale a pena assistir ao documentário (de pouco mais de 8 minutos) e conferir exemplos do esforço que o governador de Minas Gerais e a imprensa mineira, principalmente a Globo Minas e o jornal Estado de Minas, têm feito para calar os críticos. Especialmente interessante é a repercussão na imprensa mineira de um perfil de Aécio Neves feito pelo jornal francês Le Monde.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Protógenes sofre atentado

Protógenes denuncia hoje em seu blog que foi vítima de um atentado enquanto dirigia um automóvel, há 2 dias. Será? Bom, o delegado tem uma penca de inimigos, alguns bastante perigosos e que se acham acima da lei, que adorariam vê-lo fora de combate . Aguardemos as investigações.

(via Nassif).

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O pato manco

De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo instituto Gallup, George W. Bush teve uma pequena melhora em sua avaliação. Sua aprovação passou de 29% para 34%, enquanto a sua desaprovação caiu de 67% para 61%. Diante desses números, me pus a pensar sobre o que Bush teria feito nesses últimos meses para que ocorresse essa discreta melhora na sua avaliação. Não consegui me lembrar de nada que a justificasse. Felizmente, o próprio instituto Gallup me deu a resposta:

One benefit of leaving office is that presidents often enjoy a small bounce in their job approval scores. As Gallup Poll Managing Editor Jeff Jones described last month, "It is common for presidents who are about to leave the White House to receive a bump in their job approval ratings between Election Day and Inauguration Day."

Essa é a vantagem de ser um pato manco.

Essa pesquisa ainda dividiu os entrevistados em republicanos, democratas e independentes. E uma coisa me chamou muito a anteção: parece que os democratas e republicanos vivem em mundos completamente diferentes; a aprovação de Bush entre estes é de 75% e entre aqueles, de 6%!

( via TalkingPointsMemo)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A sacanagem da direção do Aberto da Austrália


A direção do Aberto da Austrália ameaça punir as tenistas que usarem uniformes considerados ousados durante os jogos do torneio. Uma baita sacanagem!

Essa foto acima é da gatíssima e talentosa Ana Ivanovic. Veja mais fotos com modelitos que provavelmente não veremos nesse primeiro grand slam do ano.

:-(

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O doping com Viagra

Grêmio admite utilizar o Viagra na campanha da Libertadores, essa é a manchete de uma matéria de ontem do UOL que dizia que os jogadores do time gaúcho poderiam fazer uso desse medicamento nos jogos na altitude . Nos programas esportivos de hoje, essa notícia repercutiu bastante e o pessoal não estava entendendo em que o uso dessa medicação beneficiaria os jogadores do Grêmio, tratando a notícia apenas como uma curiosidade. Mas aí tem ciência. Vou tentar esclarecer, mas primeiro preciso fazer uma breve introdução.

O princípio ativo do Viagra é sildenafil, um inibidor da fosfodiesterase 5, que é uma enzima importante na degradação do óxido nítrico intracelular. O óxido nítrico é um vasodilatador importantíssimo para o mecanismo de ereção peniana. Então, quando se toma o Viagra, há uma diminuição da degradação do óxido nítrico, fazendo com que haja maior quantidade desse elemento disponível para as células. Resultado: isso facilita a vasodilatação, que é o evento fundamental para a ereção peniana. Para facilitar, veja o esquema abaixo:

O detalhe é o seguinte: o Viagra causa também, com menor intensidade, vasodilatação em outras partes do corpo, como nas pernas, coração e pulmão. E é aí que está a explicação para o uso desse remédio nos jogos na altitude. O ar rarefeito das grandes altitudes normalmente causa desconforto e queda no rendimento nos jogadores visitantes, pois estes, por não estarem com o organismo preparado, têm dificuldade em oxigenar as suas células. Aí entra o Viagra. A vasodilatação que ele causa no pulmão facilita as trocas gasosas, assim mais oxigênio chega à circulação sanguínea. Além disso, a vasodilatação periférica faz com que o sangue seja bombeado com menos resistência. Ou seja, em tese, no final das contas, mais sangue e mais oxigênio chegam à todas as células do corpo, atenuando o problema da hipóxia celular. Não é fantástico?

Ora, pensando aqui com os meus botões, se os atletas do Grêmio jogarem usando Viagra, eles não estarão tirando vantagem indevida do uso de uma medicação? Apesar de o sildenafil não estar entre as substâncias proibidas pela Fifa, isso não deveria ser considerado, se não doping, pelo menos uma atitude anti-desportiva?

domingo, 11 de janeiro de 2009

Hipocrisia

Agora há pouco, após ler meus e-mails e sair da página do Hotmail, caí no MSN notícias, que trazia a seguinte manchete em destaque: "Entidade acusa Israel de usar fósforo branco em ataques a Gaza".

Ao clicar para ler a matéria, eis que me deparo com a seguinte enquete:


Solução para o conflito entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, seria:

1) O Hamas parar de lançar foguetes em Israel
2) Israel não revidar os ataques do Hamas
3) A comunidade internacional mediar uma solução
4) Não há solução para o conflito israelo-palestino
5) Não tenho opinião formada



Veja, não existe uma resposta "o exército israelense parar de atacar civis", ou " as terras dos palestinos serem prontamente devolvidas", ou ainda " Israel confessar que foi o responsável pelo rompimento do cessar-fogo e retirar as tropas da faixa de Gaza". O que há é uma ânsia em sugerir que o culpado pelo "conflito" (a explicação para o uso das aspas está aqui) é o Hamas e Israel está apenas se defendendo dos "terroristas". Haja hipocrisia!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Gomorra

Gomorra é o nome do filme do diretor Matteo Garrone que retrata as atividades da famosa máfia italiana Camorra, baseado no livro homônimo escrito por Roberto Saviano. O filme foi aclamadíssimo pela crítica, principalmente do festival de Cannes, onde foi muito bem-sucedido, ganhando o Grande Prêmio do Júri.

Para conseguir traçar um panorama completo das atividades da máfia, o diretor e os roteiristas optaram por contar cinco historietas, tendo como personagens principais de cada uma delas: um alfaiate de alta costura, um senhor responsável pelo pagamento às famílias com membros ligados à máfia, um jovem assessor de um mafioso que negocia depósitos de lixo tóxico, um garoto ansioso por ser aceito na organização criminosa e dois adolescentes cabeças-de-vento que acham que podem ser os donos do pedaço, não respeitando os chefões. As histórias não tem ligação entre si, e aí reside o grande problema do filme, na minha opinião. O enredo não é "redondo", são cinco histórias completamente independentes que poderiam ter sido mais bem desenvolvidas e trabalhadas. No entanto, saí do cinema com a sensação de que vi um bom filme, apesar de achar que ele poderia ter sido muito melhor, pois ele é formalmente muito interessante.

A máfia é retratada como ela realmente é, sem romantismo, sem condescendência. O diretor parece estar sempre dizendo: "Cara, Don Corleone é coisa do passado.Veja, aqui está a máfia nua e crua". Para isso, a câmera típica de documentários e o uso constante da luz natural têm um papel muito importante. A impressão que se tem, em vários momentos, é que você está assistindo a algo real, e isso potencializa nosso desconforto diante da violência que assistimos refestelados na nossa poltrona.

Resumindo: com seus erros e acertos, o filme merece ser visto.

domingo, 4 de janeiro de 2009

O outono do porra-louca

Marat Safin, o tenista mais explosivo das últimas décadas, deve disputar sua última temporada nesse ano. Ele fará muita, muita falta. Num momento em que o tênis se caracteriza cada vez mais por tenistas completos, frios, quase robotizados, um cara como ele deixará muita saudade.

O russo, que foi o grande rival de Guga no final dos anos 90 e início dos 2000, venceu 15 títulos de simples em sua carreira, dentre eles, dois grand slams, além de ter sido o número um do mundo durante 9 semanas. Na minha opinião, ele não foi tão longe quanto seria esperado para um cara com o talento dele. Motivo? Nunca teve cabeça. Cansou de perder partidas que estavam ganhas, de perder vários pontos seguidos por não conseguir se concentrar após algum erro seu ou do juiz, de ter sido penalizado pelo árbitro, em momentos importantes das partidas, por ter reclamado demais ou ter demonstrado com demasiada ênfase sua irritação, atirando a sua raquete ao chão... Ou seja, durante toda sua carreira, ele se comportou da maneira oposta à que seria recomendada para um tenista de ponta, para desespero dos seus treinadores e alegria da galera.

Sim, ele é um dos tenistas mais queridos e carismáticos do circuito. No ano passado, por exemplo, Safin chegou às semifinais do torneio de Wimbledon, mesmo não estando entre os favoritos, pois era o 75º do ranking mundial no início do torneio (a mesma instabilidade que o prejudica, também o torna um jogador imprevisível), e em todos os jogos ele teve a torcida do All England Club a seu favor, uma coisa digna de nota, pois a torcida inglesa costuma torcer o nariz para jogadores destemperados, chegando a vaiar atletas que gritam em quadra ou jogam a raquete no chão para extravasar a sua raiva. Mas com Safin é diferente. Ele berra, xinga, quebra a raquete e a galera vai ao delírio: "Come on, Marat!". Ele parou apenas diante do pentacampeão Roger Frederer, mas saiu do torneio ovacionado pela torcida.

Ele começou bem sua última temporada, vencendo com facilidade o time italiano na Copa Hopman, ao lado da irmã Dinara Safina. Mas Safin não passa por um torneio sem dar o que falar. Observe a foto acima. Ele apareceu para jogar com o olho roxo e um corte na pálpebra, e,para explicar as marcas, declarou: "Arrumei encrenca em Moscou, mas está tudo bem. Ganhei a luta".

O cara vai fazer falta.

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Lembram desse post? Nele eu dizia que minha aposta para 2009 era Andy Murray. Pois bem, o cara venceu o torneio exibição de Abu Dhabi, batendo, simplesmente, Federer e Nadal, na semifinal e final, respectivamente. O escocês começou bem a temporada, e, para mim, é o favorito para ganhar o primeiro grand slam do ano, o aberto da Austrália, ao lado de Djokovic, já que Federer dá sinais de declínio e Nadal parece que não está em boas condições físicas.