domingo, 4 de janeiro de 2009

O outono do porra-louca

Marat Safin, o tenista mais explosivo das últimas décadas, deve disputar sua última temporada nesse ano. Ele fará muita, muita falta. Num momento em que o tênis se caracteriza cada vez mais por tenistas completos, frios, quase robotizados, um cara como ele deixará muita saudade.

O russo, que foi o grande rival de Guga no final dos anos 90 e início dos 2000, venceu 15 títulos de simples em sua carreira, dentre eles, dois grand slams, além de ter sido o número um do mundo durante 9 semanas. Na minha opinião, ele não foi tão longe quanto seria esperado para um cara com o talento dele. Motivo? Nunca teve cabeça. Cansou de perder partidas que estavam ganhas, de perder vários pontos seguidos por não conseguir se concentrar após algum erro seu ou do juiz, de ter sido penalizado pelo árbitro, em momentos importantes das partidas, por ter reclamado demais ou ter demonstrado com demasiada ênfase sua irritação, atirando a sua raquete ao chão... Ou seja, durante toda sua carreira, ele se comportou da maneira oposta à que seria recomendada para um tenista de ponta, para desespero dos seus treinadores e alegria da galera.

Sim, ele é um dos tenistas mais queridos e carismáticos do circuito. No ano passado, por exemplo, Safin chegou às semifinais do torneio de Wimbledon, mesmo não estando entre os favoritos, pois era o 75º do ranking mundial no início do torneio (a mesma instabilidade que o prejudica, também o torna um jogador imprevisível), e em todos os jogos ele teve a torcida do All England Club a seu favor, uma coisa digna de nota, pois a torcida inglesa costuma torcer o nariz para jogadores destemperados, chegando a vaiar atletas que gritam em quadra ou jogam a raquete no chão para extravasar a sua raiva. Mas com Safin é diferente. Ele berra, xinga, quebra a raquete e a galera vai ao delírio: "Come on, Marat!". Ele parou apenas diante do pentacampeão Roger Frederer, mas saiu do torneio ovacionado pela torcida.

Ele começou bem sua última temporada, vencendo com facilidade o time italiano na Copa Hopman, ao lado da irmã Dinara Safina. Mas Safin não passa por um torneio sem dar o que falar. Observe a foto acima. Ele apareceu para jogar com o olho roxo e um corte na pálpebra, e,para explicar as marcas, declarou: "Arrumei encrenca em Moscou, mas está tudo bem. Ganhei a luta".

O cara vai fazer falta.

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Lembram desse post? Nele eu dizia que minha aposta para 2009 era Andy Murray. Pois bem, o cara venceu o torneio exibição de Abu Dhabi, batendo, simplesmente, Federer e Nadal, na semifinal e final, respectivamente. O escocês começou bem a temporada, e, para mim, é o favorito para ganhar o primeiro grand slam do ano, o aberto da Austrália, ao lado de Djokovic, já que Federer dá sinais de declínio e Nadal parece que não está em boas condições físicas.

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