sexta-feira, 5 de junho de 2009

A reta final de Roland Garros


Foram mais de 7 horas em frente à TV. E valeu cada minuto. As duas semifinais de hoje foram partidas inesquecíveis. Ambas definidas no quinto set.

Soderling x González

A primeira semifinal, disputada entre o algoz de Nadal, Robin Soderling, e o chileno Fernando González, não deixou nada a dever para as grandes semifinais já disputadas na história de Roland Garros.

Soderling, como o esperado, começou o jogo atacando todas as bolas, evitando assim que González pudesse ditar o ritmo da partida. Com o chileno na defensiva, o sueco usou toda a potência dos seus golpes, principalmente da direita, para vencer os dois primeiros sets. No entanto, ao contrário de Nadal, González conseguiu assumir as rédeas do jogo. Começou a partir para o ataque e foi adquirindo confiança na medida em que sua estratégia se mostrava acertada. Soderling, todos sabem, é ótimo no ataque, porém não tem a mesma destreza jogando na defensiva. Além disso, parecia que o sueco sentia mais do que o chileno o desgaste das duas semanas de jogos. Então González venceu os dois sets seguintes e abriu 4X1 no set decisivo. Aí...

Aí, González teve um momento de desconcentração que se mostrou fatal. O chileno não gostou da marcação de um juiz de linha e discutiu asperamente com ele e com o juiz de cadeira. Depois disso, a cada ponto ele reclamava, gesticulava, fazia caras e bocas. Isso parece que tirou sua concentração no momento mais importante da partida. Soderling aproveitou-se disso, virou para 6X4 e avançou para sua primeira final de Grand Slam.

Foi um jogo sensacional, de um nível muito alto. Mas o melhor ainda estava por vir.

Federer x Del Potro

Eu duvido que a o jogo final atinja o nível desse jogo. Federer todos nós conhecemos, sabíamos o que poderíamos esperar dele. Agora, esse garoto, o argentino Juan Martin Del Potro, é um jogador que não se vê todo dia, não. Eu já o tinha visto jogar há alguns meses, e sabia que ele vinha melhorando seu jogo, mas não podia imaginar que ele tinha atingido esse nível que ele mostrou hoje. É um jogador quase completo: tem um serviço devastador, golpes potentes e precisos do fundo de quadra e voleios firmes. E, apesar de seus quase 2 metros de altura, tem uma velocidade e uma leveza impressionantes. Eu não tenho dúvida, ele logo brigará pela liderança do ranking mundial.

Federer iniciou a partida muito frio e o argentino achou por bem não dar nem tempo de Federer esquentar. Sapecou logo um 6x3, sem muito papo. No segundo set, Del Potro continuou jogando muito bem, sacando com perfeição. Federer, por sua vez, finalmente entrou em jogo. O set transcorreu sem quebrar e no tie-break o suíço usou toda a sua experiência para empatar a partida em 1 set a 1.

O suíço respirou aliviado por ter vencido o segundo set e voltou relaxado para o terceiro. Porém mais relaxado do que deveria. Del Potro não se deixou abater e voltou a mil por hora. O argentino de cara quebrou o saque de Federer e não deu chances para ele se recuperar. Acabou quebrando mais uma vez o saque do suiço e venceu o terceiro set. O jogo estava pegando fogo a essa altura, com os dois fazendo coisas inacreditáveis.

Aí, jogando o tênis que faz dele um dos melhores jogadores de todos os tempos, se não o melhor, Federer venceu os 2 sets seguintes, batendo um tenista que valorizou, e muito, a sua vitória. Del Potro jogou um tênis de dar inveja a muitos campeões de Grand Slam , mas, para azar dele, do outro lado da rede estava um cara chamado Roger Federer.

Foi o jogo de maior nível técnico até aqui nesse torneio, e dificilmente será batido. Agora a final será entre Federer e o encardido do Soderling. O suíço nunca perdeu nenhuma partida para o sueco. Não creio que o faça agora.

Por que Federer é melhor que Sampras

Até aparecer Federer para confundir a cabeça de todo mundo, a coisa era mais ou menos assim: a geração anterior à minha achava Bjorn Borg o melhor jogador de todos os tempos; a minha, achava que o melhor era Ivan Lendl; a geração seguinte, Pete Sampras. É difícil comparar tenistas de épocas tão distantes quanto Federer e Borg, e o suíço já deixou Lendl para trás há muito tempo, quando olhamos os números dos dois. A comparação possível e que merece ser feita é entre Sampras e Federer:

1) Sampras não tinha um rival à sua altura em sua época. Não, não me venham falar em Andre Agassi. Ele foi um ótimo jogador, mas nunca incomodou Sampras quando este estava no seu auge. Ele só foi número 1 do mundo quando Sampras já estava no final da carreira, desinteressado. A rivalidade Sampras x Agassi era mais uma vontade dos anunciantes e dos torcedores do que uma realidade. Trocando em miúdos, Sampras não tinha um Nadal fungando no seu cangote. Para ser campeão,Federer, quase sempre, tem que bater Nadal e vice-versa (veja que número interessante: nos 6 títulos de Grand Slam de Nadal, em 5 ele bateu Federer na final e no outro, na semi. Isso é que é rivalidade, o resto é resto. E, dos oito majors de Agassi, em quantos ele teve que passar por Sampras?).

2) Federer é um jogador mais completo do que foi Pete Sampras. Não estou falando em relação aos golpes: o americano tinha o saque e o voleio melhores que o do suíço e este tem o jogo de fundo de quadra mais consistente e tem mais "toque", habilidade. Eu estou falando de versatilidade. Federer pode jogar bem em qualquer piso. Sim, inclusive no saibro, ao contrário de Sampras. Ora, vejam, Federer chegou a 4 finais consecutivas de Roland Garros. Chega pelo menos à semifinal desde 2005. E só perdeu para um cara em Roland Garros desde então: Rafael Nadal. Sampras nunca foi tão bem sucedido no Grand Slam francês. Além disso, Federer tem tudo para ser campeão este ano e completar o Grand Slam, coisa que o americano encerrou a carreira sem ter conseguido. E outra, se ele vencer domingo, iguala o recorde de títulos de Grand Slams que pertence a Sampras.

A final feminina

Eu já declarei aqui a minha torcida. Eu gostaria que a final fosse entre Dinara Safina e Serena Williams. Infelizmente, a americana foi derrotada, nas quartas-de-final, por mais uma daquelas grandes jogadoras russas que surgiram nos últimos cinco anos, Svetlana Kuznetisova. A final será entre essa estraga prazeres e a minha queridinha Safina.

Safina, a atual número 1 do mundo, vem sofrendo alfinetadas de todos os lados por ser a líder do ranking mundial sem nunca ter vencido um Grand Slam. Um desses ataques partiu, deselegantemente, de Serena, a número 2 do mundo, o que me cheirou a despeito. Mas Safina deve estar muito confiante, pois emagreceu, se preparou bem fisicamente e tem melhorado seu controle emocional durante as partidas. E tem jogado muito. Ela é a favorita e merece muito o título.

0 comentários: