Durante uma das discussões acerca do blog da petrobrás, o Hermenauta escreveu um comentário lá no Sergio Leo dizendo que numa das poucas vezes em que ele foi coberto pela imprensa, a jornalista conseguiu informar exatamente o contrário do que ele havia dito. Bom, minha experiência com a imprensa também não é das melhores. Eu fui entrevistado duas vezes: na primeira vez ficou parecendo que eu era um baita de um arrogante e na segunda, um perfeito idiota.
1ª) Foi na saída da prova de química da segunda fase do vestibular da fuvest. Era janeiro de 1999. Eu estava com a cabeça ainda fervendo quando fui abordado por uma repórter da Folha de S. Paulo:
- Olá, você pode me dar uma entrevista?
- Sim, claro.
- Qual é o seu nome e idade?
- Bruno e tenho 18 anos
- Tá prestando vestibular pra quê?
- Medicina
- E o que você achou da prova?
- Nossa, difícil demais! Quase fundiu minha cabeça.
- Ah é? O pessoal tem dito isso mesmo. Mas qual foi o estilo da prova?
- Ah, exigiu bastante raciocínio. Não tinham questões com respostas diretas...
- Mas não tava impossível de fazer não, né?
- Não, dava para fazer. Mas tava bem difícil...
No dia seguinte, lendo o jornal deparei-me com a reportagem intitulada "Alunos consideram prova de química difícil". A repórter, pegou vários depoimentos de pessoas que consideraram a prova dificílima, pesadíssima e, no final, escreveu: "Isso não foi problema para o vestibulando de medicina Bruno P., 18. 'O exame avaliou toda a matéria de química, quem só decorou fórmulas se deu mal', afirma". Não sei se onde ela tirou essa declaração minha, mas sei que todos os vestibulandos do Brasil me odiaram neste dia. Eu era "o" arrogante.
2ª) No ano passado, já aqui em BH, eu operei uma figura folclórica da cidade. Quando a imprensa ficou sabendo que ele estava internado, foi um auê. Um dia eu estava fazendo a prescrição dele e a assessora de imprensa do hospital disse que uma equipe da TV Record queria falar comigo. Eu disse que não, que sou muito tímido etc., mas ela disse para eu não me preocupar, pois eles apenas me filmariam examinando o paciente e fariam uma entrevista rápida. Concordei, relutante.
Foi bem chato fazer teatrinho examinando o paciente, um senhor de quase 100 anos de idade. Mas até aí tudo bem. Depois, na entrevista, a repórter me perguntou como estava o estado de saúde do paciente e eu tive que gravar umas 5 vezes a resposta, pois ela sempre pedia para eu simplificar, explicar de um modo mais simples para o "público leigo da Record". Até que eu consegui dar uma explicação que qualquer débil mental entenderia. Aí, a jornalista fez a fatídica pergunta que me obrigou a uma resposta que me envergonha até hoje:
- Então quer dizer que nada pode detê-lo?
- É isso aí, respondi constangido.
Ora, como mais eu poderia responder a essa pergunta imbecil? Eu só poderia responder dessa maneira idiota mesmo, não tinha outra saída. Não tinha como eu dizer: - Algumas coisas podem detê-lo: um câncer de pulmão, um infarto... Que situação embaraçosa!
E o pior é que, na matéria que foi ao ar, enquanto eu dava a entrevista apareceu a legenda: dr. Bruno P., chefe do serviço. Ora, eu estou tão próximo de ser chefe do serviço quanto o PSTU de fazer o próximo presidente da república: sou um mero residente.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
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