domingo, 22 de junho de 2008

O fim dos tempos

É muito comum que um artista que realize um trabalho de grande sucesso de público e/ou crítica tenha dificuldade em repetir o feito em seus trabalhos subsequentes, mas o que tem acontecido com o diretor M. Night Shyamalan é impressionante.

O diretor indiano, após o brilhante desempenho em "O Sexto sentido", vem despencando ladeira abaixo. É um filme pior do que o outro. Quando eu achei que não tinha como piorar após o péssimo "A dama na água", ele me vem com o "Fim dos tempos".

O filme conta a história de um epidemia misteriosa que toma conta dos EUA, que faz com que as pessoas, através de alterações nos neurotransmissores, tenham um impulso suicida. E acompanha a fuga de um professor, sua esposa e uma criança, que foi entregue aos seus cuidados.

Resumindo ( o filme é tão ruim que me desanimou de fazer uma análise mais completa): o roteiro é péssimo ( foi escrito pelo diretor) e o filme é de um primarismo inimaginável para um diretor que mostrou dominar a narrativa no "O sexto sentido", e que chegou a ser comparado, precipitadamente, a nada mais nada menos que Alfred Hitchcock. A impressão que tive ao sair do cinema é que fui enganado: um diretor de primeira nos entregou um filme de quinta categoria.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Brasil: um sucesso e um vexame

A seleção brasileira de basquete feminino conseguiu ontem a vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim num jogo muito emocionante contra a brava seleção de Cuba. O jogo foi pau a pau até o fim. O Brasil sentiu falta de sua principal jogadora, Iziane, que foi cortada após desentendimento com o treinador. A seleção brasileira jogou com muita raça, para compensar o desfalque, e teve sorte nos momentos decisivos. E não, não é nenhum demérito contar com a sorte para uma vitória. Sem sorte, diria Nelson Rodrigues, sequer se atravessa a rua sem ser atropelado por uma carrocinha de chicabon.

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Levando-se em conta que a seleção brasileira de basquete feminino foi sorteada para um grupo dificílimo nas olimpíadas (Brasil, Austrália, Belarus, Coréia do Sul, Letônia e Rússia), acho que devemos fazer de tudo para irmos com força máxima, e isso inclui levar nossa principal cestinha. Não sei como, mas deve haver um entendimento entre o técnico e Iziane, que, repito, foi cortada do pré-olímpico com justiça. Imagine a falta que ela faria num jogo contra a campeã mundial Austrália. E num jogo contra a forte seleção russa.

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E a seleção brasileira de futebol, hein? Que vexame! A partida do Brasil contra o Paraguai foi uma das piores apresentações da seleção que os meus 27 anos me permitiram ver.

Um time com 3 volantes. Acho que nem o Volta Redonda ou a Cabofriense entram em campo tão acovardados. Dois a zero foi até pouco, pela superioridade do Paraguai durante todo o jogo, inclusive após a expulsão de um atleta.

Agora, há uma evidente falta de talentos disponíveis para se formar uma seleção brasileira de respeito. Não se pode querer ganhar uma Copa do Mundo, por exemplo, com um time em que o Robinho é o grande "craque". Mal e mal, ele consegue ser titular em alguns jogos do Real Madrid.

O Brasil encontra-se em uma nítida entressafra, é hora de renovar. E quem o mandachuva da CBF, Ricardo Teixeira, escala para essa difícil missão? O "experiente" técnico Dunga, que nunca dirigiu nem carrinho de pipoca! E ele resolve renovar a seleção brasileira de maneira genial, convocando e colocando de titular os "jovens" Mineiro, Josué, Gilberto...

É por essas e outras que cada dia que passa me empolga menos a seleção brasileira de futebol ( alguém disse com propriedade que essa não é a seleção brasileira. É a seleção da CBF, feita para ela faturar em cima). Nem cogitei comprar ingressos para assistir ao jogo contra a Argentina no Mineirão.

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Estou falando muito de esportes ultimamente, ? Acho que é o espírito olímpico!

E isso porque não falei das finais da NBA entre Boston Celtics e Los Angeles Lakers ( o time californiano venceu hoje, e a série está 3 a 2 para os Celtics), nem da final do torneio de Quenn's, preparatório para Wimbledon, entre Rafael Nadal e Djokovic. O espanhol venceu seu primeiro torneio na grama e mostrou que tem condições de bater o superfavorito Roger Federer no grand slam inglês.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Quase deu hoje. Será que ainda dá?

A seleção brasileira de basquete feminino teve hoje uma atuação cheia de altos e baixos, no jogo que poderia garantir uma vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim. Começou muito bem,com várias cestas da ala Iziane. No segundo quarto, teve uma forte queda de produção, anotou apenas 6 pontos e terminou o primeiro tempo de partida com desvantagem de 7 pontos.

No segundo tempo, o técnico Paulo Bassul colocou um time cheio de reservas em quadra, que jogou com muita garra. A partir da metade do terceiro quarto, a seleção iniciou uma reação fantástica, chegando ao quarto final a apenas 1 ponto do time da Bielo-Rússia, graças a atuação destacada de Karla, Fran e Chuca. A essa altura do jogo, a seleção brasileira mostrava muita agressividade na defesa e pontaria no ataque. Mas esse grande esforço cobraria seu preço no final da partida. A seleção, que chegou a abrir uma certa vantagem no quarto período, não teve forças para manter o mesmo ritmo até o final da partida e garantir a vaga para Pequim. Há apenas 4 segundos do fim, a seleção da Bielo-Rússia conseguiu empatar o jogo- por pouco não virou- e levá-lo para a prorrogação.

Na prorrogação, o time da Bielo-Rússia, mais inteiro, não teve dificuldades para bater a seleção brasileira, que não tinha mais pernas.

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Como é que uma jogadora fantástica, como a menina Fran, é reserva da perna-de-pau Êga?

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A seleção brasileira se ressentiu de uma jogadora que, num momento de dificuldade, fosse capaz de dizer: " Manda a bola pra mim que eu decido!". Essa jogadora, que outrora foi Paula ou Hortência, seria Iziane, mas ela ficou emburradinha com sua substituição no início segundo quarto, e quando solicitada a voltar à quadra ainda no final desse mesmo período, ela se negou, qual uma garotinha mimada. Ficou de fora o resto da partida, e foi cortada da seleção.

Não há dúvida que o corte foi justo, mas temo que o maior prejudicado com isso seja a seleção, que perde sua melhor jogadora e maior cestinha.

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Agora, sem Iziane, o Brasil pega Angola amanhã, e deve vencer com facilidade. Provavelmente, decidirá a vaga para as Olimpíadas, após vê-la tão próxima, com a forte seleção Cubana. E é aí que mora o perigo!

domingo, 8 de junho de 2008

Nadal massacrou o n° 1 do mundo

Uau. 3 sets a 0, inapelável. Nadal enfiou 6x1, 6x3 e 6x0 em Roger Federer. Confesso que, embora achasse que o espanhol sairia vencedor, não esperava um placar tão constrangedor para o suiço. A certa altura da partida, dava para ver a marca da humilhação estampada em seu rosto suado.

Nadal foi campeão de Roland Garros sem perder um único set. Hoje, ele é realmente imbatível no saibro de Paris. Arrebanhou seu quarto título seguido nesse grand slam e recebeu o troféu das mãos do ex-craque Bjorn Borg, o iceBorg.

Eu juro que vi, amigos, o Federer puxar a carteira, ao final da partida, e pagar Nadal pela aula de tênis que recebeu...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A oncinha tá bebendo água

Está chegando a hora da decisão. Eu já tinha apontado os meus favoritos ao título de Roland Garros : Federer,Nadal e Djokovic. E para provar que eu sou bom nisso, os três chegaram às semifinais. E chegaram com sobras.

Nesse momento em que escrevo, Nadal está enfrentando o sérvio Djokovic, na primeira semifinal, num dos jogos mais esperados do torneio. O espanhol número 2 do mundo e atual tri-campeão do torneio, acabou de vencer o primeiro set.

A outra semifinal é entre Federer e Gael Monfils, a revelação francesa. Federer dispensa apresentações, é o número 1 do mundo e, para muitos, um dos melhores jogadores de todos os tempos, mas não vai ser fácil para ele. O francês está jogando o fino, lembrando que ele, apesar de jovem, é experiente. Já foi número 1 do mundo juvenil e ganhou 3 dos 4 grand slams nessa categoria, inclusive Roland Garros. E, além disso, contará com o apoio da torcida.

Deixa eu ir lá assistir ao jogão, depois comento mais sobre isso. Uma aposta? Não gostaria de arriscar um palpite, mas eu não resisto: aposto que a final será entre Federer e Nadal, número 1 e 2 do mundo, respectivamente.

domingo, 1 de junho de 2008

Longe dela


Estava de bobeira ontem a noite, a patroa pressionou, então resolvi assistir ao filme "Longe dela". Fui a contragosto, pois pela sinopse parecia ser um filme meio sentimentalóide, que não faz meu estilo, embora tenha lido algumas críticas favoráveis, inclusive a da Carta Capital da semana passada.

Meus temores se mostraram justificados. O filme é de um sentimentalismo barato que dá nos nervos. É um clichê atrás do outro. Algumas cenas lembram telenovelas. Uma delas é quando Grant, o personagem principal, vai visitar a casa de um ex-colega de asilo da sua mulher. Como ele, o ex-colega, está provavelmente acamado no seu quarto, a esposa atende a campainha e recebe a visita. Quando Grant vai embora, ela fecha a porta atrás de si, pára um instante e diz : "Idiota!", com um sorrisinho irônico, meneando a cabeça. Essa cena é simplesmente patética, na minha opinião. Ela seria aceitável, na melhor das hipóteses, na "Malhação", ou coisa do gênero. É que eu acho que nem tudo precisa ser dito. Existiam outras formas dela demonstrar seu descontentamento com visita, sem a necessidade de deixar tudo "explicadinho, nos seus miiiiiiínimos detalhes", praticamente dizendo: " Ei, expectador, eu não gostei da visita, viu?". E isso é só um exemplo. O filme tem outras cenas lamentáveis, o que é parcialmente explicado pelo fato da diretora, Sarah Polley, ser estreante na função.

O filme fala de um casal, com 40 anos de casados, cuja esposa, Fiona, começa a apresentar sintomas de mal de Alzheimer. Ela própria decide ser internada numa clínica para idosos. Lá, ela se aproxima muito de outro idoso e surge um afeto muito grande entre eles. Grant, o marido, apesar de sentir-se enciumado, nada pode fazer a não ser visitá-la regularmente, sem maiores cobranças. Um belo dia, a mulher do novo affair de Fiona resolve tirá-lo da clínica e levá-lo para casa. Coincidentemente ou não, ela começa a piorar progressivamente, e o filme mostra a peleja de Grant para aprender a viver essa nova vida, já que, com o passar do tempo, Fiona nem sequer consegue se lembrar dele.

Relendo agora o que eu escrevi acima, começo a achar que talvez eu esteja sendo demasiadamente duro com o filme, pois, justiça seja feita, uma coisa se salva em meio à mediocridade: a bela atuação de Julie Christie, que faz o papel de Fiona. Beira a perfeição o modo como ela retrata uma portadora do mal de Alzheimer, com aquela expressão de alheamento, tão típica dos que padecem dessa doença. No entanto, esse trabalho primoroso de Julie Christie, infelizmente, não é o suficiente para transformar esse filme que, reitero, é cheio de frases feitas e busca emoções fáceis, num grande filme.
Concluindo, vale a pena assistir ao filme?, alguém poderia me perguntar, e eu responderia: só se você não tiver nada melhor para fazer.