sábado, 7 de março de 2009

A volta do boêmio e alguns pitacos

A ressaca do carnaval durou mais do que eu supunha, mas agora estou de volta, com as baterias recarregadas. Bom, muita água rolou debaixo da ponte desde o meu último post, né? O assunto dominante dessas últimas semanas foi o do desastrado editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro e a resposta grosseira do jornal às cartas enviadas por Maria Victória Benevides e Fabio Konder Comparato . Não vou me estender sobre esse assunto, muito já foi dito . Só quero deixar claro que apóio firmemente a manifestação convocada pelo Eduardo Guimarães, batizada de "Abaixo a Ditabranda", que será realizada logo mais, às 10 da manhã, em frente ao prédio da Folha.

Já que o assunto de hoje é a mídia, intrigou-me muito uma matéria que li ontem no site do Estadão. O título: "MST fecha acordo com empresa suíça para exportar soja". Quando bati o olho pensei: "Uai, uma matéria favorável ao MST no Estadão? Eu devo estar ficando doido!"

Ao ler a primeira frase da matéria pude perceber que, não, eu não estava perdendo a razão. A reportagem começa assim: "Apesar de criticar o agronegócio brasileiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começa a exportar soja para a Europa". Ora, onde está a incompatibilidade entre o discurso e a ação? Se uma entidade que defende a reforma agrária critica o agronegócio ela não pode exportar? A exportação de produtos orgânicos produzidos via agricultura familiar não seria uma importante maneira de viabilizar economicamente os assentamentos? Ou será que os assentados, esses comunistinhas, só podem plantar para sua subsistência? Desculpem a quantidade de perguntas retóricas...

Só por essa primeira frase da matéria já fica clara a má-vontade do jornal com o MST, como, de resto, com todos os outros movimentos sociais.

***
O NPTO escreveu um post que rendeu comentários interessantes sobre a sucessão presidencial de 2010. Na opinião de alguns comentaristas o candidato tucano com mais chance de vitória seria o Serra, já que Aécio seria fraco fora de Minas Gerais. Eu acho que essa é uma maneira muito simplista de ver a coisa, que deixa de observar algumas potencialidades importantes do governador mineiro. Eu tentei comentar lá, mas acho que o sistema de comentários do blog está com algum problema. Então, reproduzirei o comentário que escrevi para o NPTO:

Esse negócio de dizer que Aécio não tem força fora de Minas, que ele não teria cacife para disputar a eleição presidencial, me parece um grande erro de avaliação.

Eu - que sou petista - tenho muito mais receio de um confronto de Dilma com Aécio do que dela com o Serra. Se o adversário da ministra for o governador de São Paulo sabemos o que esperar: será a direita contra a esquerda. Governo Lula X governo FHC. Ponto final. Agora, se for o Aécio a coisa não é tão simples assim.

O governador mineiro tem muito mais condição de conseguir apoios da esquerda - principalmente o PSB, do Ciro -, e com isso rachar o bloco que hoje está fechado com Lula, do que o Serra. Os apoios ao governador paulista já estão escancarados: PSDB, DEM, PPS, uma parte do PMDB e a grande imprensa. Sem dúvida, é uma rede de apoios importante, mas não espere muita coisa além disso. Já Aécio, com aquele discurso bem mineiro de que ele seria o "pós-Lula", deixando implícito que Serra é o "anti-Lula", pode construir uma base de apoios mais abrangente, menos conservadora. Ou seja, dependendo do taxa de aprovação de Lula em 2010, Aécio pode seduzir setores da esquerda. Serra não. E outra, Aécio não tem o mesmo nível de rejeição de Serra, que é bem alto.

Resumindo: na minha opinião, o Aécio está longe de ser carta fora do baralho. Se eu fosse da cúpula tucana, não fecharia, pelo menos por enquanto, as portas para ele.

***
É isso aí, estou de volta. Vou tentar manter aquele velho ritmo do blog: devagar e sempre.

1 comentários:

Lingua de Trapo disse...

Você tem razão, Aécio seria a melhor aposta para o PSDB, por isso mesmo eu torço por José Serra e, faço questão de espinafrar o playboy diariamente.