domingo, 20 de julho de 2008

O furo da Folha

E a Folha de S. Paulo/ UOL vem com uma matéria bombática. Se fosse publicada há 11 dias.

A Folha, além de fazer uma cobertura ridícula, que foi criticada pelo seu ombudsman ( link para quem tem o azar de ser assinante), da operação Satiagraha da PF, tomou um furo de onze - eu disse onze! - dias do Terra Magazine! Só podem estar de brincadeira!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A taça do mundo é nossa

Há alguns dias, na esteira das comemorações dos 50 anos do primeiro título de Copa do Mundo de futebol do Brasil, prometi comentar sobre assunto. Esse Daniel Dantas me fez atrasar duas semanas!

Mas vamos lá.

Eu tive a pachorra de assistir ao jogo inteiro ( quando eu digo inteiro, quero dizer inteiro!) entre Brasil e Suécia, na final do mundial de 1958. Ele está disponível nesse site sueco. Foi a primeira vez que eu vi um jogo inteiro dessa época, e não somente melhores momentos. E que maravilha! Pelé e Garrincha juntos, e, como se não bastasse, Nilton Santos, Didi, Djalma Santos...

Eu tive uma surpresa: o time sueco não era bobo não. Tinha a cintura dura, mas um bom toque de bola. Mas o time brasileiro era simplesmente fantástico, como conjunto, e , além disso, era recheado de craques.

Resolvi então, prepotentemente, avaliar a atuação de cada jogador naquela final:

Gilmar (9,5) - O goleiro foi muito seguro. Fez uma defesa fantástica num momento crucial: se não me engano, o jogo estava 1 a 1 quando o atacante sueco saiu cara a cara com o goleiro, e ele, como um gato, se atirou ao pé do jogador e lhe roubou a bola. Um gol naquele instante poderia pôr tudo a perder.

Djalma Santos ( 10) - Ele foi inexpugnável na defesa e incansável no apoio ao ataque. Por sua atuação naquela partida, ele foi considerado o melhor lateral direito da Copa ( ele jogou apenas essa partida na Copa). E, na minha opinião, foi um dos melhores jogadores do Brasil naquela partida, apesar de pouco se falar nele.

Bellini e Orlando (9) - a dupla de zaga foi firme e viril, mas , como de costume em se tratando de futebol basileiro, cochilaram nos 2 gols suecos. Essas falhas, no entanto, não comprometram o domínio do Brasil na partida, e uma delas proporcionou uma das imagens mais fabulosas da história das Copas, sobre a qual falarei mais adiante, protagonizada por Didi.

Nilton Santos ( 9,8) - Conhecido como a Enciclopédia do futebol. Realmente ele sabia tudo de bola. Ele teve pequenas falhas defensivas, mas compensou com ousadia e habilidade no ataque. Suas constantes subidas ao ataque eram possíveis graças à grande visão tática de Zagallo, que cobria os avanços dele. Foi o lateral do Botafogo que deu aquele passe magistral, de canhota apesar de ser destro, para Pelé fazer o terceiro gol brasileiro no jogo.

Zito ( 9,5) - Firme na marcação e com um refinado toque de bola. Fez uma bela dupla com Didi, no meio de campo. Nada a ver com os volantes brucutus de hoje.

Didi (10) - Foi considerado o craque da Copa. Quando o Brasil tomou o primeiro gol e o fantasma da derrota de 50 ameaçava assombrar a todos, ele, elegante como uma príncipe Etíope, pegou a bola no fundo das redes e, calmamente, com ela debaixo do braço, caminhou até o meio de campo dizendo aos companheiros: "Calma, vamos ganhar". Ele não fez gol na partida, mas ele dominou o meio de campo, ditou o ritmo da partida, deu lançamentos milimétricos... Enfim, era o maestro daquele time fantático.

Vavá ( 9,5) - Não sendo um virtuose, fazia gols com uma eficiência diabólica. Fez os 2 primeiros gols do Brasil no jogo, com passes milimétricos de Garrincha.

Zagallo (10) - Acreditem em mim: ele estava em todos os lugares ao mesmo tempo. Compensava sua fraca constituição física com uma disposição sobrenatural. A bola sempre passava por seus pés na transição da defesa para o ataque. Cobriu com perfeição os avanços de Nilton Santos, fez o quarto gol brasileiro e, ainda por cima, tirou uma bola sueca, que tinha endereço certo, em cima da linha do gol ( nesse momento o jogo estava 2 a 1 para o Brasil).

Garrincha (10) - Era até engraçado : o Garrincha pegava na bola e vinham 3 defensores tentar, em vão, roubar-lhe a bola. E ele fazia a festa: deixava os marcadores de bunda no chão.É possível até ouvir as gargalhadas do público ao fundo. Eu comprovei o que já tinha lido em Nelson Rodrigues e outros cronistas esportivos da época: ele dava uma ludicidade ao jogo que nunca foi dada antes, nem seria depois.
(Foi durante essa Copa que ele falou umas de suas frases mais famosas: quando ele foi escalado, pela primeira vez na Copa, para o jogo contra a União Soviética, um dirigente da CBD ( ou o técnico, não sei ao certo) veio lhe dar instruções, dizendo: " Garrincha, pega a bola, vai pra cima do primeiro, depois passa pelo segundo, pelo terceiro, chega à linha de fundo e cruza". Mané ouviu e perguntou, candidamente: " O senhor já combinou com os russos")

Pelé (10) - Fez o terceiro e o quinto gol do Brasil na partida. Esse último, aquele em que ele deu um chapéu maravilhoso no zagueiro, é considerado um dos gols mais bonitos da história das Copas. Talvez perdendo apenas para aquele gol do Maradona, contra a Inglaterra, na Copa de 86. E ,incrível!, ele tinha apenas 17 anos. Mas, mesmo tão jovem, ele era senhor de si, sabia do seu potencial e da sua majestade. Nesse jogo ele deitou e rolou: além dos gols, ele deu dribles desconcertantes, meteu bola na trave, fez o diabo... Já era o prenúncio da carreira brilhante que ele teria.

A quem é apaixonado por futebol como eu, recomendo que assistam à íntegra do jogo no link que dei acima. Mas isso tem um efeito colateral: você vai demorar a conseguir voltar a ver jogos do Brasileirão-2008.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Jornalistas sabujos e parlamentares-atores

Os grandes veículos de comunicação mostraram muitas "preocupações" com os vazamentos do conteúdo do relatório do delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, sobre os crimes de Daniel Dantas e seus comparsas. Tornou-se um dos assuntos principais, apesar da intrincada trama: quem vazou trechos do relatório?

Em Brasília, congressistas, sempre ávidos por holofotes e CPIs ( Arthur Virgílio, ACM Neto, e assemelhados), calam-se sobre os investigados e seus crimes. Estão mais preocupados em condenar "vazamentos" e "espetacularizações de prisões".

O mais curioso é que esse comportamento, da mídia e dos parlamentares, é diametralmente oposto ao de 2006.

Naquele ano , próximo do dia da votação do primeiro turno das eleições presidenciais, surgiu o episódio do dossiê anti-Serra, bolado pelos "aloprados". A PF prendeu , em um hotel, duas pessoas, um dossiê e uma mala de dinheiro, supostamente para pagar pelo dossiê.

A foto do dinheiro, que comprovou-se manipulada, de modo ao montante parecer maior do que seria na realidade, pelo delegado Edmilson Bruno, reponsável pela apreensão, vazou para a imprensa dias antes das eleições e foram, para muitos, decisiva para a ida da eleição presidencial para o segundo turno. Lembro até de uma frase dele para os jornalistas com quem ele combinou de entregar as fotos: "Tem que sair no Jornal Nacional". E saiu. Uma matéria com vários minutos. Nessa edição, o JN deixou de noticiar o trágico acidente do avião da GOL para dar mais destaque ao episódio dos "aloprados".

Bom, naqueles dias tumultuosos, não se levantou uma única voz da grande mídia ou dos parlamentares-atores para condenar o vazamento das fotos. Era voz corrente na imprensa que as fotos eram um fato jornalístico relevante. Não há dúvida de que eram, mas mais relevante ainda eram como e quem vazou as fotos, além de suas eventuais motivações, como bem anotou o blogueiro Luiz Carlos Azenha, na época. Mas isso só foi divulgado na grande imprensa após a votação do primeiro turno ( ou bem pouco antes dela, não me lembro ao certo), ou seja, quando Geraldo Alckmin, o preferido da mídia, já comemorava sua ida para o segundo turno.

Quanta diferença das reações, não? Em 2006, esperneavam contra os "aloprados", "vítimas" do vazamento, e preservaram o quanto puderam, e compactuaram com ele, o delegado da PF, Edmilson Bruno. Agora, jornalistas sabujos, parajornalistas e parlamentares-atores silenciam sobre o conteúdo do relatório, condenam o vazamento e procuram a todo custo o "vazador". Qual seria a diferença fundamental, entre esses dois episódios, para suscitar reações tão díspares?

A diferença fundamental se chama Daniel Dantas, e sua propalada influência em todas as esferas de poder ( inclusive no quarto poder: a mídia). Isso é só uma mera desconfiança minha..

Esse post é livremente inspirado em outro, escrito com muito mais talento por Luiz Carlos Azenha em seu blog, cuja leitura recomendo para relembrar as armações do delegado Edmilson Bruno, em conluio com alguns jornalistas selecionados a dedo por ele.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Os guardiões dos "direitos individuais", dos ricos

O assunto do momento é a prisão, seguida do habeas corpus e nova detenção de Daniel Dantas e seus comparsas. Para entender melhor o caso, indico esse link. Bob Fernandes e sua equipe estão matando a pau no Terra Magazine.

O que eu queria comentar aqui é sobre a suposta "espetacularização das prisões", invocada por alguns para criticar a ação da Polícia Federal. Eles argumentam que os suspeitos tiveram sua vida particular exposta, sem direito de defesa. Que eles seriam, no momento, apenas suspeitos, pois ainda não foram condenados. Teve gente até que comparou essas prisões a torturas chinesas!

Ora, Ora, Ora. Será que o ato de expor suspeitos algemados é tão humilhante assim? Ou será que o humilhante mesmo é o fato de ser preso sob n acusações, mesmo sabendo-se da infuência dos detidos em todas as esferas de poder?

Mas os críticos insistem: os "direitos individuais" não foram respeitados.

Na medida em que vemos pobres e pretos algemados, todos os dias, na TV, nos jornais e nas revistas, e essas vozes só se levantam agora, isso começa a cheirar mal. Pode parecer, a alguns, que eles estão preocupados em demasia. Aí, pode ter gente achando que eles têm com que se preocupar. Aí...

Bom, pode ser que eles apenas tenham mudado de opinião. Temos que dar crédito a eles.

Pois bem, eles (Gilmar Mendes, Arthur Virgílio ...) podem começar mostrando que realmente mudaram de opinião dizendo-se indignadas com isso. Essa foto está, agora no momento em que eu escrevo, na primeira página do UOL. Ela ilustra uma reportagem sobre a prisão de 3 jovens, no Espírito Santo, sob a acusação de serem integrantes de uma quadrilha de narcotraficantes. A polícia do ES não fez uma "espetacularização das prisões" nesse caso? Ou isso só se aplica quando elas são feitas contra banqueiros, especuladores ou ex-prefeitos? Visto que os 3 jovens não têm nenhuma pinta de banqueiros, será que os guardiões dos "direitos individuais" vão pôr a boca no trombone?

Vou esperar para ver as reações indignadas a essa prisão no Espírito Santo. Se elas acontecerem, estarei pronto para rever minha opinião de que eles são realmente guardiões dos "direitos individuais", mas dos ricos e poderosos!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Como não se deve dar uma manchete

Manchete que li hoje no site do MSN:

"Júnior, ex-Sandy, forma banda de rock"

Essa notícia tem tudo para virar o mundo do rock de pernas pro ar! Mas deixemos de lado o impacto monumental da manchete. Quer dizer que o Júnior, após deixar de ser Sandy, formou uma banda de rock? É claro que nós intuimos o que o jornalista quis dizer com a frase, porque conhecemos as figuras acima. Mas não deixa de ser uma aula de como não se deve dar uma manchete.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A lei seca

Tenho andado afastado do blog. Dois motivos são responsáveis por isso: primeiro, minha vida atribulada não tem me dado cada vez menos tempo livre e, segundo, nenhum assunto tem me causado tanto interesse a ponto de me estimular a deixar de ler meus livros ( tenho lido ótimos livros. O último foi "A formação econômica do Brasil", a obra clássica de Celso Furtado. Estou lendo agora "Os demônios", do Dostoievski, e comecei "Veneno remédio", do Wisnik), ou ver meus filmes, para sentar a bunda na cadeira e escrever.

Um assunto conseguiu me tirar da inércia: a famigerada "Lei seca", que é, no mínimo, uma lei idiota. Como mais poderia ser chamada uma lei que pune um motorista desavisado que for pego dirigindo após consumir um apetitoso bombom de licor?

Bom, deixa eu voltar ao meu estado inercial. Leia esse texto do Janio de Freitas, sobre o tema que tratei acima ( para assinantes UOL). Eu assino embaixo.

Amanhã, se eu conseguir, falarei sobre a comemoração dos 50 anos do primeiro título mundial da seleção brasileira de futebol.