quinta-feira, 17 de julho de 2008

A taça do mundo é nossa

Há alguns dias, na esteira das comemorações dos 50 anos do primeiro título de Copa do Mundo de futebol do Brasil, prometi comentar sobre assunto. Esse Daniel Dantas me fez atrasar duas semanas!

Mas vamos lá.

Eu tive a pachorra de assistir ao jogo inteiro ( quando eu digo inteiro, quero dizer inteiro!) entre Brasil e Suécia, na final do mundial de 1958. Ele está disponível nesse site sueco. Foi a primeira vez que eu vi um jogo inteiro dessa época, e não somente melhores momentos. E que maravilha! Pelé e Garrincha juntos, e, como se não bastasse, Nilton Santos, Didi, Djalma Santos...

Eu tive uma surpresa: o time sueco não era bobo não. Tinha a cintura dura, mas um bom toque de bola. Mas o time brasileiro era simplesmente fantástico, como conjunto, e , além disso, era recheado de craques.

Resolvi então, prepotentemente, avaliar a atuação de cada jogador naquela final:

Gilmar (9,5) - O goleiro foi muito seguro. Fez uma defesa fantástica num momento crucial: se não me engano, o jogo estava 1 a 1 quando o atacante sueco saiu cara a cara com o goleiro, e ele, como um gato, se atirou ao pé do jogador e lhe roubou a bola. Um gol naquele instante poderia pôr tudo a perder.

Djalma Santos ( 10) - Ele foi inexpugnável na defesa e incansável no apoio ao ataque. Por sua atuação naquela partida, ele foi considerado o melhor lateral direito da Copa ( ele jogou apenas essa partida na Copa). E, na minha opinião, foi um dos melhores jogadores do Brasil naquela partida, apesar de pouco se falar nele.

Bellini e Orlando (9) - a dupla de zaga foi firme e viril, mas , como de costume em se tratando de futebol basileiro, cochilaram nos 2 gols suecos. Essas falhas, no entanto, não comprometram o domínio do Brasil na partida, e uma delas proporcionou uma das imagens mais fabulosas da história das Copas, sobre a qual falarei mais adiante, protagonizada por Didi.

Nilton Santos ( 9,8) - Conhecido como a Enciclopédia do futebol. Realmente ele sabia tudo de bola. Ele teve pequenas falhas defensivas, mas compensou com ousadia e habilidade no ataque. Suas constantes subidas ao ataque eram possíveis graças à grande visão tática de Zagallo, que cobria os avanços dele. Foi o lateral do Botafogo que deu aquele passe magistral, de canhota apesar de ser destro, para Pelé fazer o terceiro gol brasileiro no jogo.

Zito ( 9,5) - Firme na marcação e com um refinado toque de bola. Fez uma bela dupla com Didi, no meio de campo. Nada a ver com os volantes brucutus de hoje.

Didi (10) - Foi considerado o craque da Copa. Quando o Brasil tomou o primeiro gol e o fantasma da derrota de 50 ameaçava assombrar a todos, ele, elegante como uma príncipe Etíope, pegou a bola no fundo das redes e, calmamente, com ela debaixo do braço, caminhou até o meio de campo dizendo aos companheiros: "Calma, vamos ganhar". Ele não fez gol na partida, mas ele dominou o meio de campo, ditou o ritmo da partida, deu lançamentos milimétricos... Enfim, era o maestro daquele time fantático.

Vavá ( 9,5) - Não sendo um virtuose, fazia gols com uma eficiência diabólica. Fez os 2 primeiros gols do Brasil no jogo, com passes milimétricos de Garrincha.

Zagallo (10) - Acreditem em mim: ele estava em todos os lugares ao mesmo tempo. Compensava sua fraca constituição física com uma disposição sobrenatural. A bola sempre passava por seus pés na transição da defesa para o ataque. Cobriu com perfeição os avanços de Nilton Santos, fez o quarto gol brasileiro e, ainda por cima, tirou uma bola sueca, que tinha endereço certo, em cima da linha do gol ( nesse momento o jogo estava 2 a 1 para o Brasil).

Garrincha (10) - Era até engraçado : o Garrincha pegava na bola e vinham 3 defensores tentar, em vão, roubar-lhe a bola. E ele fazia a festa: deixava os marcadores de bunda no chão.É possível até ouvir as gargalhadas do público ao fundo. Eu comprovei o que já tinha lido em Nelson Rodrigues e outros cronistas esportivos da época: ele dava uma ludicidade ao jogo que nunca foi dada antes, nem seria depois.
(Foi durante essa Copa que ele falou umas de suas frases mais famosas: quando ele foi escalado, pela primeira vez na Copa, para o jogo contra a União Soviética, um dirigente da CBD ( ou o técnico, não sei ao certo) veio lhe dar instruções, dizendo: " Garrincha, pega a bola, vai pra cima do primeiro, depois passa pelo segundo, pelo terceiro, chega à linha de fundo e cruza". Mané ouviu e perguntou, candidamente: " O senhor já combinou com os russos")

Pelé (10) - Fez o terceiro e o quinto gol do Brasil na partida. Esse último, aquele em que ele deu um chapéu maravilhoso no zagueiro, é considerado um dos gols mais bonitos da história das Copas. Talvez perdendo apenas para aquele gol do Maradona, contra a Inglaterra, na Copa de 86. E ,incrível!, ele tinha apenas 17 anos. Mas, mesmo tão jovem, ele era senhor de si, sabia do seu potencial e da sua majestade. Nesse jogo ele deitou e rolou: além dos gols, ele deu dribles desconcertantes, meteu bola na trave, fez o diabo... Já era o prenúncio da carreira brilhante que ele teria.

A quem é apaixonado por futebol como eu, recomendo que assistam à íntegra do jogo no link que dei acima. Mas isso tem um efeito colateral: você vai demorar a conseguir voltar a ver jogos do Brasileirão-2008.

1 comentários:

biografia disse...

Obrigado pela visita, Bruno, que bom que gostou do livro!!

um abraco, Denny