sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Olhar encantado de criança


“Isso tudo que eu estou dizendo para você aconteceu até os 7 anos de idade, tudo antes de pegar o pau-de-arara para vir para São Paulo.

É engraçado, quando se é pequeno, se vê uma coisa e se tem uma dimensão de grandeza diferente da que se tem quando se é adulto. Então, por exemplo, eu lembro das ruas, das casas... Depois que eu voltei lá, depois de 30 anos, eu fiquei decepcionado. Eu imaginava uma baita rua na frente de onde que a gente morava, eu imaginava uma baita árvore, tinha um pé de mulungu, que é uma árvore que dá uma sementinha vermelha. Eu tinha noção de uma árvore enorme, e quando eu voltei lá depois de 30 anos a árvore que eu vi não é grande, é uma árvore pequena. E era a mesma árvore da infância...

Tinha um lugar lá chamado "a bodega do Tozinho", que era um armazém. Eu tinha a impressão de que era uma coisa quase do tamanho do Carrefour, depois que eu voltei lá eu vi que era do tamanho de uma casinha popular aqui, ou de um barraco pequenininho. Eu tenho lembrança dessa bodega do Tozinho porque em 1950, eu tinha 5 anos de idade, mas meus irmãos mais velhos já escutaram pela primeira vez a Copa do Mundo pelo rádio. O único que tinha rádio lá era ele [o Tozinho]. Então o pessoal ia lá pra ouvir o rádio, ouvir programas musicais e coisas desse tipo."

Trecho de um dos depoimentos de Lula a Denise Paraná para o livro Lula, o filho do Brasil.

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