O mui amigo NPTO me colocou numa fria. Mandou para mim o meme dos segredos que está rolando por aí. Bom, não vou fugir da raia, né? Então, lá vai:
1) Todos nós contamos nossas mentirinhas de vez em quando, mas, na maioria das vezes, com a melhor das intenções. Em 1999, quando fui conhecer os pais da minha namorada, sabendo que eles eram católicos fervorosos, resolvi dizer, para tentar impressionar os meus in-law, que eu era um rato de igreja e que já tinha sido inclusive coroinha. Claro, tudo uma inocente "adaptação da realidade". Na verdade eu tinha ido só umas 4 ou 5 vezes à igreja quando era um adolescente de 14 anos, porém o objetivo não era rezar ou celebrar, mas sim paquerar as meninas (é, isso mesmo, paquerar as meninas. Sou de uma cidade de 25 mil habitantes do interior de Minas Gerais. E a igreja é o melhor lugar para se encontrar as meninas nessas pequenas cidades mineiras). Há 10 anos, eu já era um agnóstico, mas isso não me impediu de frequentar algumas missas com os meus futuros sogros, tentando fazer uma média.
2) Houve uma época em que as regras da biblioteca da minha faculdade ficaram muito rígidas. Só era permitido ficar 24 horas com um livro e se você se atrasasse um minuto para devolvê-lo, tinha que pagar uma multa pesada, pelo menos para o bolso de um universitário. E nós não achávamos um dia suficiente para estudar tudo que precisávamos. Então o pessoal começou a, digamos, pegar os livros "emprestados" sem a bibliotecária saber. Eles os usavam pelo tempo que precisassem e depois devolviam-nos, também sem que ninguém ficasse sabendo. Eu nunca tinha me valido desse expediente, mas... Bom, um dia eu estava na biblioteca e fui à prateleira onde ficavam os Robbins (a bíblia da patologia) -- eu teria uma prova ferrada de patologia na semana seguinte -- e vi que tinha apenas 3 volumes da edição mais recente. Lógico, eu não queria estudar pelo Robbins antigo! Pensei, hesitei e sucumbi à tentação: afanei o livro. Não era um livro qualquer, ele tinha o triplo do volume e o quádruplo do peso do Irmãos Karamazov, da editora 34, por exemplo. Não foi nada fácil.
3) Quando esse livro sumiu das prateleiras, houve uma mobilização total da diretoria, do pessoal da biblioteca e dos alunos que começaram a se sentir prejudicados. Foi o início de uma caça às bruxas, a diretoria pressionando, ameaçando, os colegas acusando uns aos outros e a biblioteca não deixando mais nenhum livro ser emprestado até que o Robbins aparecesse. Eles não sabiam que eu tinha apenas pegado "emprestado" o livro, nem o pessoal da minha república sabia. Então, com medo de ser descoberto, eu peguei o livro e o deixei no laboratório de anatomia, onde ele foi resgatado por um funcionário. O duro depois era ouvir os comentário do tipo "o cara para roubar um Robbins tem que ser um ladrão de marca maior" ou " você viu? O larápio é corajoso para pegar o livro na prateleira, mas não tem coragem de ir lá na biblioteca devolvê-lo" e fazer que eu não tinha nada a ver com isso.
4) Naquela mesma época em que eu ia à missa ver as meninas, houve uma eleição para prefeito da minha cidade. A disputa estava apertada e o clima, pesadíssimo. Havia apenas dois candidatos e eu optei por apoiar um deles. Corria o boato que a turma do outro candidato, o cara mais rico da cidade, ia distribuir cestas básicas num bairro carente, na véspera da votação. Brilhantemente, eu e mais dois amigos, todos molecotes, resolvemos passar a madrugada escondidos num terreno baldio, fazendo vigília. Eu estava me achando importantíssimo. A cada farol de carro que eu via meu coração disparava. Passamos a noite toda lá e não demos nenhum flagrante. Depois de alguns dias, me pus a pensar: "E se eu visse alguma coisa, o que eu iria fazer?" E o pior: depois de todo esse esforço cívico, meu candidato ainda perdeu e, algumas semanas depois, se aliou ao vencedor, alegando que naquele momento a cidade precisava de união!
5) Eu tinha 8 anos de idade e estava, junto com meu irmão de 7, na casa de um tio meu. Ele tinha um filho da minha idade que era cego de nascença e que, naquela época, estava se tratando de uma grave leucemia, fazendo quimioterapia. Eu e meu irmão estávamos brincando, correndo pela casa, e ele estava sentado no sofá, entretido com uns brinquedinhos. Eu vi aquela cabeça careca, branca, brilhando, se oferecendo, e, num impulso, corri até ele e dei-lhe um tapão estalado na cachola. O menino apenas resmungou alguma coisa baixinho. Meu irmão, mais novo mas mais ajuizado, ficou indignado e disse: "Uai, Bruno, cê tá doido? Pra que isso?" e eu respondi: " O que é que tem? Ele é cego!".
6) Desde que Malhação começou, eu assisti a pelo menos 70% dos episódios.
Caramba, não acredito que eu tive coragem de contar essas coisas! Bom, quem ler esse post está convidado a entrar nessa fria também.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
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4 comentários:
Cara, deixe de ser mentiroso, pois vc não é agnóstico: tua religião chama-se mulher, hehehe!
Mais duas observações:
1) tomara que a tua religião mulherística não tenha um inferno, já que a maldade que vc fez com o seu priminho foi punk, hahaha!
2) Eu não teria coragem de revelar algo do quilate da tua relação com Malhação... :-P
Ri muito, parabéns!
D'accord e d'accord para 1 e 2 do Ricardo; 2 e 3 suas = meu herói!; 6 = medo + confirmação da religião mulherística
De todos os que eu vi até agora na série, foi o mais corajoso. Agora, eu ouvi dizer que o Sergio Leo só virou jornalista porque não passou em patologia, porque um safado roubou o livro do Robbins. Cuidado, esse cara é maluco!
Ricardo e Camila,
Vejam só, eu definitivamente não gosto de novela. O último episódio completo que eu assiti foi da "Que rei sou eu?" (a Camila nem deve se lembrar dessa novela, é muito nova para isso). Mas da "Malhação" eu gosto. Se eu estiver em casa no horário, eu não perco. Sei lá, aquela tosquice me diverte e me lembra da minha infância e adolescência, quando eu ia à igreja paquerar as meninas...hehehe
NPTO,
É, puxando aqui pela memória, tinha um cara parecido com ele lá na faculdade...Será? Por via das dúvidas, acho que eu não devia ter contado meus segredos número 2 e 3...
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