quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A vanguarda marinista


Marina Silva se reuniu recentemente com um grupo de proletários revolucionários paulistas que, ao que tudo indica, pretende montar uma guerrilha verde na floresta amazônica (impedindo a passagem dos tratores lulistas) e, após a inevitável vitória nas eleições, ajudar a candidata do PV a mudar o modo de produção e consumo. Esse encontro foi documentado pela grande crítica do consumismo capitalista, a camarada bolchevique-verde Joyce Pascowitch. Leia aqui a reportagem.

Leia também o post do grande estrategista, o camarada Diogo Mainardi, para quem Marina fará uma revolução verde se topar ser vice do ambientalista José Serra. Segundo o revolucionário ítalo-brasileiro, já há articulações embrionárias nesse sentido.

O complexo de vira-latas do estadão

O editorial de anteontem do estadão é uma pérola. Intitulado “Lula não é mais ‘o cara’”, ele faz eco a um monte de ressalvas que os EUA fariam à política externa do governo brasileiro, que eu considero uma de suas áreas de maior sucesso.

Vejamos em que se baseia o jornalão para fazer essa avaliação tão negativa da política externa do governo Lula.

Segundo o estadão, “O apoio de Lula ao presidente iraniano foi desastroso perante a imprensa americana”. Aí eu pegunto: E daí? Será que o Barack Obama está preocupado com o que pensa a imprensa brasileira a respeito de sua administração? Será que a imprensa americana se interessa pelo que a imprensa brasileira pensa do seu presidente?

Outra coisa que, segundo o Estado de São Paulo, tem levado o Brasil a ficar em maus lençóis perante os EUA é a insistência do patropi em querer defender pontos de vistas diferentes dos “dos caras”: “Lula também foi criticado pela imprensa americana e por analistas qualificados por se meter na política centro-americana sem saber o bastante sobre a região. Sua intervenção em Honduras foi vista como um obstáculo à solução da crise - erro agravado com a insistência em não reconhecer a legitimidade das eleições.” ( Note a reverência com que o jornal brasileiro trata a imprensa americana. Será que o NY Times já ouviu falar do estadão?) Ora, primeiro, Lula não se meteu na história, meteram ele nela. Segundo, em que momento o suposto desconhecimento da região por parte de Lula afetou a reação do Brasil ao golpe de Estado? Qual foi a intervenção do Brasil em Honduras, a não ser abrir as portas para que o presidente constitucional de Honduras não fosse preso ou assassinado? Por que haveria o Brasil de reconhecer, logo assim de cara, uma eleição que foi conduzida por um governo golpista? Considero a atuação do Brasil no caso irretocável! E pouco me importa o que a imprensa americana acha disso.

Para Moisés Naim, editor da revista Foreign Policy, "o Brasil se comporta como um país em desenvolvimento imaturo e ressentido"” E eu considero os EUA um país imperialista e arrogante, e daí? Seria a mesma coisa do Mario Sabino, editor da VEJA, dizer que acha os EUA feios e bobos e o, sei lá, Chicago Tribune achar importantíssima essa declaração, a ponto de reproduzi-la em seu editorial.

Aí, o estadão fecha o editorial com chave do ouro: “Para ter influência global, comentou o Washington Post, o Brasil teria de abandonar o terceiro-mundismo de sua política externa. Não é provável que isso aconteça com o Itamaraty sob o domínio ideológico dos atuais formuladores da política externa.” Para começo de conversa, a política externa de Lula pode ser acusada de excesso de pragmatismo, nunca de excessivamente ideológica. Ora, é justamente essa estratégia de independência adotada pelo governo Lula e pelo Itamaraty que fez com que tantas portas se abrissem para o Brasil, inclusive ampliando o nosso leque de parceiros comerciais, o que, sem dúvida, foi muito importante no enfrentamento da crise. Ou será que o estadão queria que o Brasil fosse o Robin do Batman EUA? Quem sabe eles preferissem que ainda fôssemos um país-capacho, cujo chanceler tirasse os sapatos para qualquer funcionário da alfândega americana que o olhasse com cara feia...

Se seguíssemos as opiniões da grande imprensa brasileira, estariamos ainda longe de vencer nosso complexo de vira-latas.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Contradições e pragmatismo

Eu já disse aqui que acredito que o socialismo seja o modo de produção ideal para substituir o capitalismo. Vocês também já sabem que sou filiado ao PT. Ora, poderá alguém perguntar, você é socialista e é filiado a um partido que faz um governo social-democrata que você defende com entusiasmo? Você é pra lá de contraditório, hein!?

Estive refletindo muito sobre esse aparente paradoxo em conversas, no twitter e em comentários em blogs, com o Hugo, a Flávia e o Alexandre. De fato, meu coração pulsa socialista. E também petista. E apesar de não ter superado o capitalismo (para Delfim Neto, Lula salvou o capitalismo), considero o governo Lula muito bom. Excelente até, em algumas áreas. Quando se compara com os anteriores os feitos de Lula ficam ainda mais extraordinários. Tenho uma admiração muito grande por ele, donde alguns podem me considerar lulista.

Em minha opinião, não se pode pretender implantar o socialismo, nem que seja o do “século XXI”, de cima para baixo. Poder, pode. O problema é mantê-lo depois sem um nível de autoritarismo muito acima do aceitável. E mesmo assim a chance de dar com os burros n’água é muito grande. Como diz o Hobsbawm: “(...) só o poder ilimitado não podia suplantar as vantagens e habilidades da autoridade: um senso público de legitimidade, um grau de apoio popular ativo, a capacidade de dividir e dominar e – sobretudo em tempos de crise - a disposição dos cidadãos a obedecer.(...) o século XX mostrou que se pode governar contra todas as pessoas por algum tempo, contra algumas pessoas por todo o tempo, mas não contra todas as pessoas todo o tempo”. Portanto, é preciso que as pessoas estejam convencidas de que há uma alternativa melhor que o capitalismo. Isso exige, no mínimo, que as pessoas sejam politizadas, que elas entendam que a política pode realmente interferir nas suas vidas, e que ela não é apenas disputas que alguns espertos travam para ver quem vai ter o direito de roubar o dinheiro público. A melhor estratégia que eu conheço para isso é a gramsciana de ocupar os espaços burgueses (e a internet, claro!) e criar uma nova hegemonia. Essa estratégia, no entanto, é sobremaneira dificultada pelo aburguesamento (Lênin já alertava para esse perigo no começo do século passado) e alienação progressiva da nossa classe trabalhadora.

O caminho, portanto, para se chegar a uma sociedade socialista “sustentável” pode ser longo, incerto e propenso a idas e vindas. Enquanto a revolução não chega, as pessoas precisam comer, ter acesso à saúde, ao lazer etc. Chegamos onde eu queria. A superação do capitalismo ainda não parece iminente, duas forças políticas disputam palmo a palmo poder no Brasil nas duas últimas décadas, o que fazer? Chorar e fazer biquinho? Apoiar uma “terceira via” fadada ao fracasso? Ou lutar para que o pólo de centro-esquerda vença o de direita e consolide as formidáveis conquistas dos anos Lula?

Fico com a última opção, claro. E é assim que lido com essa minha aparente contradição. Acho que a social-democracia não deve ser encarada como o inimigo a ser batido, como foi no passado (com razão, diga-se). Ela é aliada na medida em que é a única alternativa atualmente viável ao neoliberalismo. Além disso, vem mostrando resultados bastante razoáveis nos últimos 7 anos.

Resumindo: meu coração é socialista, petista e lulista. E não considero isso um paradoxo. É questão de estratégia e, claro, pragmatismo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Wordpress?

Estive pensando, amadurecendo uma ideia... Estou seriamente inclinado a trocar a hospedagem deste blog e acho que agora seria o momento ideal. Talvez mude para o wordpress, o que vocês acham?

Pretendo manter este blog aqui até o fim do ano e o primeiro post de 2010 já seria no blog novo. Manterei o mesmo nome do blog atual e deixarei este aqui, como registro do que escrevi até hoje.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Hexacampeão!

(Foto roubada daqui)