Pessoal, amanhã saio de viagem. Vou à praia. Vocês sabem, mineiro fica doido quando vê o mar... Então, durante o período do carnaval, não postarei.
Um abraço e até logo.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Ainda sobre a política mineira
Parece que nós, eu e as pessoas que comentaram no post anterior, esquecemos de levar em conta um político mineiro que, embora ande meio sumido, pode desempenhar um papel importante em 2010.
***
E o Pimentel não para de criar polêmicas. Ele está conseguindo a proeza de desagradar seus correligionários adversários (na sua comentada entrevista à VEJA ele disse: "Essa gente ainda acredita que o sujeito tem de ler O Capital e rezar pela cartilha marxista-leninista para militar no PT. Um setorzinho xiita de Minas pensa assim e levou de roldão líderes como Patrus Ananias e Luiz Dulci". Os petistas mineiros não gostaram nada dessa declaração. Em represália, os dois ministros citados por Pimentel desistiram de participar do encontro estadual do PT para prefeitos, vices e vereadores organizado pela turma do ex-prefeito. Dilma Rousseff, aliada de Pimentel, para não ficar mal com ninguém, também cancelou sua participação no evento. Mandou bem, hein, Pimentel!) e seus aliados não-correligionários (Primeiro, na famigerada entrevista, ele falou que Aécio Neves é carta fora do baralho para a sucessão presidencial. Depois, ele disse que está incomodado com a quantidade de tucanos na nova administração municipal que ele ajudou a eleger. Concordo, ele está correto nessa crítica, mas deveria ter pensado nisso antes de enfiar o cupincha do Aécio goela abaixo do "setorzinho xiita do PT", né não?).
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E o Pimentel não para de criar polêmicas. Ele está conseguindo a proeza de desagradar seus correligionários adversários (na sua comentada entrevista à VEJA ele disse: "Essa gente ainda acredita que o sujeito tem de ler O Capital e rezar pela cartilha marxista-leninista para militar no PT. Um setorzinho xiita de Minas pensa assim e levou de roldão líderes como Patrus Ananias e Luiz Dulci". Os petistas mineiros não gostaram nada dessa declaração. Em represália, os dois ministros citados por Pimentel desistiram de participar do encontro estadual do PT para prefeitos, vices e vereadores organizado pela turma do ex-prefeito. Dilma Rousseff, aliada de Pimentel, para não ficar mal com ninguém, também cancelou sua participação no evento. Mandou bem, hein, Pimentel!) e seus aliados não-correligionários (Primeiro, na famigerada entrevista, ele falou que Aécio Neves é carta fora do baralho para a sucessão presidencial. Depois, ele disse que está incomodado com a quantidade de tucanos na nova administração municipal que ele ajudou a eleger. Concordo, ele está correto nessa crítica, mas deveria ter pensado nisso antes de enfiar o cupincha do Aécio goela abaixo do "setorzinho xiita do PT", né não?).
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Jogada de mestre
José Sarney foi eleito presidente do Senado e Michel Temer, da Câmara. Isso tem monopolizado as atenções dos comentaristas políticos, que tentam analisar quem ganhou e quem perdeu com essas eleições. E não tem havido consenso; uns dizem que Lula saiu vitorioso e outros, que ele sofreu uma derrota. Há também os que dizem que ele ganhou no Senado e perdeu na Câmara, pois Sarney lhe é simpático e Temer faz parte da "ala tucana" do PMDB. O único consenso que existe é que essas eleições no Congresso serão importantíssimas para o pleito presidencial de 2010. Quanto a isso não restam dúvidas.
Mas o jogo de xadrez não se limita a isso. Lula, ao que parece, está prestes a fazer uma jogada de mestre: o presidente convidará Fernando Pimentel para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, dando ao ex-prefeito o status de ministro.Você logo vai saber por que eu acho esse convite tão genial.
O PT mineiro está dividido em 2 grupos: o de Fernando Pimentel e o de Patrus Ananias, ambos querendo concorrer ao governo em 2010 -- qualquer um dos dois disputaria a eleição com grande chance de vencer. Esse racha ficou mais escancarado nas últimas eleições, quando Pimentel enfiou o Marcio Lacerda e a aliança com os tucanos goela abaixo do partido. Patrus não gostou, e fez questão de dizer isso aos quatro ventos. Embora no final tenha vencido a parada, com a eleição de Lacerda, Pimentel ficou sem clima no partido e está sendo tachado de traidor por muitos eleitores da esquerda mineira. Eles avaliam que Pimentel entregou de mão beijada a prefeitura de BH, que foi governada com muito sucesso por PT e aliados por 16 anos, para a turma do Aécio (em troca, este o apoiaria na eleição para o palácio da Liberdade, em 2010), por uma pura questão de ambição pessoal. Enfim, foi a famosa vitória de pirro. Comentário frequente aqui nos botecos de BH era que Pimentel, enfraquecido e prevendo-se sem espaço, deixaria o PT rumo ao PSB e à uma secretaria no governo Aécio.
Fernando Pimentel, apesar desse erro estratégico de andar a reboque de Aécio, é um excelente quadro do PT, não há como negar. Mas só há uma vaga para candidato a governador pelo PT nas próximas eleições, e, na opinião da maioria dos petistas e de outros eleitores de esquerda de Minas Gerais, essa vaga tem de ser de Patrus Ananias. E é aí que entra a jogada genial de Lula. Pimentel está fragilizado dentro do PT e, magoado e prevendo que seria preterido na disputa interna com Patrus, poderia deixar o partido, que perderia um ótimo quadro e um político para lá de popular, além de correr o risco de o ex-prefeito engrossar as fileiras adversárias. A intenção de Lula com esse convite seria "resgatar" Pimentel e, daqui a um ano, torná-lo homem-forte da campanha de Dilma. Ele seria o Palocci dela. E, em caso de vitória da petista, seria o seu provável ministro da Fazenda.
Com esse lance, Lula contentaria os dois gigantes do PT mineiro. Abriria caminho para que Patrus fosse o candidato a governador, sem ter enfrentar uma desgastante disputa interna (lembre-se, estamos falando de Minas Gerais. As disputas aqui se dão silenciosamente, nos bastidores, mas são violentíssimas) e prestigiaria e estimularia o ex-prefeito Pimentel, que, com certeza, se engajaria ao máximo na campanha de Dilma. Esta, por sua vez, também não sairia de mãos abanando: ela teria um ótimo palanque em Minas Gerais com o Patrus e um aliado de peso na condução da sua campanha e um quadro muito interessante no seu ministério.
É notório que, se não der um daqueles seus famosos tiros no pé, o PT é talvez o grande favorito a ganhar a próxima eleição para o governo do estado que tem segundo colégio eleitoral do Brasil, o que, além de tudo, seria importantíssimo para as pretensões de Dilma (sabemos o quão importante é ter um bom palanque em Minas Gerais para se vencer uma eleição presidencial no Brasil, não é mesmo?). Lula é esperto, e está planejando fazer a jogada certa, dar o golpe de mestre, para evitar a possibilidade de uma indigesta disputa interna, que poderia tirar o seu partido da privilegiada posição em que se encontra em Minas Gerais.
Mas o jogo de xadrez não se limita a isso. Lula, ao que parece, está prestes a fazer uma jogada de mestre: o presidente convidará Fernando Pimentel para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, dando ao ex-prefeito o status de ministro.Você logo vai saber por que eu acho esse convite tão genial.
O PT mineiro está dividido em 2 grupos: o de Fernando Pimentel e o de Patrus Ananias, ambos querendo concorrer ao governo em 2010 -- qualquer um dos dois disputaria a eleição com grande chance de vencer. Esse racha ficou mais escancarado nas últimas eleições, quando Pimentel enfiou o Marcio Lacerda e a aliança com os tucanos goela abaixo do partido. Patrus não gostou, e fez questão de dizer isso aos quatro ventos. Embora no final tenha vencido a parada, com a eleição de Lacerda, Pimentel ficou sem clima no partido e está sendo tachado de traidor por muitos eleitores da esquerda mineira. Eles avaliam que Pimentel entregou de mão beijada a prefeitura de BH, que foi governada com muito sucesso por PT e aliados por 16 anos, para a turma do Aécio (em troca, este o apoiaria na eleição para o palácio da Liberdade, em 2010), por uma pura questão de ambição pessoal. Enfim, foi a famosa vitória de pirro. Comentário frequente aqui nos botecos de BH era que Pimentel, enfraquecido e prevendo-se sem espaço, deixaria o PT rumo ao PSB e à uma secretaria no governo Aécio.
Fernando Pimentel, apesar desse erro estratégico de andar a reboque de Aécio, é um excelente quadro do PT, não há como negar. Mas só há uma vaga para candidato a governador pelo PT nas próximas eleições, e, na opinião da maioria dos petistas e de outros eleitores de esquerda de Minas Gerais, essa vaga tem de ser de Patrus Ananias. E é aí que entra a jogada genial de Lula. Pimentel está fragilizado dentro do PT e, magoado e prevendo que seria preterido na disputa interna com Patrus, poderia deixar o partido, que perderia um ótimo quadro e um político para lá de popular, além de correr o risco de o ex-prefeito engrossar as fileiras adversárias. A intenção de Lula com esse convite seria "resgatar" Pimentel e, daqui a um ano, torná-lo homem-forte da campanha de Dilma. Ele seria o Palocci dela. E, em caso de vitória da petista, seria o seu provável ministro da Fazenda.
Com esse lance, Lula contentaria os dois gigantes do PT mineiro. Abriria caminho para que Patrus fosse o candidato a governador, sem ter enfrentar uma desgastante disputa interna (lembre-se, estamos falando de Minas Gerais. As disputas aqui se dão silenciosamente, nos bastidores, mas são violentíssimas) e prestigiaria e estimularia o ex-prefeito Pimentel, que, com certeza, se engajaria ao máximo na campanha de Dilma. Esta, por sua vez, também não sairia de mãos abanando: ela teria um ótimo palanque em Minas Gerais com o Patrus e um aliado de peso na condução da sua campanha e um quadro muito interessante no seu ministério.
É notório que, se não der um daqueles seus famosos tiros no pé, o PT é talvez o grande favorito a ganhar a próxima eleição para o governo do estado que tem segundo colégio eleitoral do Brasil, o que, além de tudo, seria importantíssimo para as pretensões de Dilma (sabemos o quão importante é ter um bom palanque em Minas Gerais para se vencer uma eleição presidencial no Brasil, não é mesmo?). Lula é esperto, e está planejando fazer a jogada certa, dar o golpe de mestre, para evitar a possibilidade de uma indigesta disputa interna, que poderia tirar o seu partido da privilegiada posição em que se encontra em Minas Gerais.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Meme dos segredos
O mui amigo NPTO me colocou numa fria. Mandou para mim o meme dos segredos que está rolando por aí. Bom, não vou fugir da raia, né? Então, lá vai:
1) Todos nós contamos nossas mentirinhas de vez em quando, mas, na maioria das vezes, com a melhor das intenções. Em 1999, quando fui conhecer os pais da minha namorada, sabendo que eles eram católicos fervorosos, resolvi dizer, para tentar impressionar os meus in-law, que eu era um rato de igreja e que já tinha sido inclusive coroinha. Claro, tudo uma inocente "adaptação da realidade". Na verdade eu tinha ido só umas 4 ou 5 vezes à igreja quando era um adolescente de 14 anos, porém o objetivo não era rezar ou celebrar, mas sim paquerar as meninas (é, isso mesmo, paquerar as meninas. Sou de uma cidade de 25 mil habitantes do interior de Minas Gerais. E a igreja é o melhor lugar para se encontrar as meninas nessas pequenas cidades mineiras). Há 10 anos, eu já era um agnóstico, mas isso não me impediu de frequentar algumas missas com os meus futuros sogros, tentando fazer uma média.
2) Houve uma época em que as regras da biblioteca da minha faculdade ficaram muito rígidas. Só era permitido ficar 24 horas com um livro e se você se atrasasse um minuto para devolvê-lo, tinha que pagar uma multa pesada, pelo menos para o bolso de um universitário. E nós não achávamos um dia suficiente para estudar tudo que precisávamos. Então o pessoal começou a, digamos, pegar os livros "emprestados" sem a bibliotecária saber. Eles os usavam pelo tempo que precisassem e depois devolviam-nos, também sem que ninguém ficasse sabendo. Eu nunca tinha me valido desse expediente, mas... Bom, um dia eu estava na biblioteca e fui à prateleira onde ficavam os Robbins (a bíblia da patologia) -- eu teria uma prova ferrada de patologia na semana seguinte -- e vi que tinha apenas 3 volumes da edição mais recente. Lógico, eu não queria estudar pelo Robbins antigo! Pensei, hesitei e sucumbi à tentação: afanei o livro. Não era um livro qualquer, ele tinha o triplo do volume e o quádruplo do peso do Irmãos Karamazov, da editora 34, por exemplo. Não foi nada fácil.
3) Quando esse livro sumiu das prateleiras, houve uma mobilização total da diretoria, do pessoal da biblioteca e dos alunos que começaram a se sentir prejudicados. Foi o início de uma caça às bruxas, a diretoria pressionando, ameaçando, os colegas acusando uns aos outros e a biblioteca não deixando mais nenhum livro ser emprestado até que o Robbins aparecesse. Eles não sabiam que eu tinha apenas pegado "emprestado" o livro, nem o pessoal da minha república sabia. Então, com medo de ser descoberto, eu peguei o livro e o deixei no laboratório de anatomia, onde ele foi resgatado por um funcionário. O duro depois era ouvir os comentário do tipo "o cara para roubar um Robbins tem que ser um ladrão de marca maior" ou " você viu? O larápio é corajoso para pegar o livro na prateleira, mas não tem coragem de ir lá na biblioteca devolvê-lo" e fazer que eu não tinha nada a ver com isso.
4) Naquela mesma época em que eu ia à missa ver as meninas, houve uma eleição para prefeito da minha cidade. A disputa estava apertada e o clima, pesadíssimo. Havia apenas dois candidatos e eu optei por apoiar um deles. Corria o boato que a turma do outro candidato, o cara mais rico da cidade, ia distribuir cestas básicas num bairro carente, na véspera da votação. Brilhantemente, eu e mais dois amigos, todos molecotes, resolvemos passar a madrugada escondidos num terreno baldio, fazendo vigília. Eu estava me achando importantíssimo. A cada farol de carro que eu via meu coração disparava. Passamos a noite toda lá e não demos nenhum flagrante. Depois de alguns dias, me pus a pensar: "E se eu visse alguma coisa, o que eu iria fazer?" E o pior: depois de todo esse esforço cívico, meu candidato ainda perdeu e, algumas semanas depois, se aliou ao vencedor, alegando que naquele momento a cidade precisava de união!
5) Eu tinha 8 anos de idade e estava, junto com meu irmão de 7, na casa de um tio meu. Ele tinha um filho da minha idade que era cego de nascença e que, naquela época, estava se tratando de uma grave leucemia, fazendo quimioterapia. Eu e meu irmão estávamos brincando, correndo pela casa, e ele estava sentado no sofá, entretido com uns brinquedinhos. Eu vi aquela cabeça careca, branca, brilhando, se oferecendo, e, num impulso, corri até ele e dei-lhe um tapão estalado na cachola. O menino apenas resmungou alguma coisa baixinho. Meu irmão, mais novo mas mais ajuizado, ficou indignado e disse: "Uai, Bruno, cê tá doido? Pra que isso?" e eu respondi: " O que é que tem? Ele é cego!".
6) Desde que Malhação começou, eu assisti a pelo menos 70% dos episódios.
Caramba, não acredito que eu tive coragem de contar essas coisas! Bom, quem ler esse post está convidado a entrar nessa fria também.
1) Todos nós contamos nossas mentirinhas de vez em quando, mas, na maioria das vezes, com a melhor das intenções. Em 1999, quando fui conhecer os pais da minha namorada, sabendo que eles eram católicos fervorosos, resolvi dizer, para tentar impressionar os meus in-law, que eu era um rato de igreja e que já tinha sido inclusive coroinha. Claro, tudo uma inocente "adaptação da realidade". Na verdade eu tinha ido só umas 4 ou 5 vezes à igreja quando era um adolescente de 14 anos, porém o objetivo não era rezar ou celebrar, mas sim paquerar as meninas (é, isso mesmo, paquerar as meninas. Sou de uma cidade de 25 mil habitantes do interior de Minas Gerais. E a igreja é o melhor lugar para se encontrar as meninas nessas pequenas cidades mineiras). Há 10 anos, eu já era um agnóstico, mas isso não me impediu de frequentar algumas missas com os meus futuros sogros, tentando fazer uma média.
2) Houve uma época em que as regras da biblioteca da minha faculdade ficaram muito rígidas. Só era permitido ficar 24 horas com um livro e se você se atrasasse um minuto para devolvê-lo, tinha que pagar uma multa pesada, pelo menos para o bolso de um universitário. E nós não achávamos um dia suficiente para estudar tudo que precisávamos. Então o pessoal começou a, digamos, pegar os livros "emprestados" sem a bibliotecária saber. Eles os usavam pelo tempo que precisassem e depois devolviam-nos, também sem que ninguém ficasse sabendo. Eu nunca tinha me valido desse expediente, mas... Bom, um dia eu estava na biblioteca e fui à prateleira onde ficavam os Robbins (a bíblia da patologia) -- eu teria uma prova ferrada de patologia na semana seguinte -- e vi que tinha apenas 3 volumes da edição mais recente. Lógico, eu não queria estudar pelo Robbins antigo! Pensei, hesitei e sucumbi à tentação: afanei o livro. Não era um livro qualquer, ele tinha o triplo do volume e o quádruplo do peso do Irmãos Karamazov, da editora 34, por exemplo. Não foi nada fácil.
3) Quando esse livro sumiu das prateleiras, houve uma mobilização total da diretoria, do pessoal da biblioteca e dos alunos que começaram a se sentir prejudicados. Foi o início de uma caça às bruxas, a diretoria pressionando, ameaçando, os colegas acusando uns aos outros e a biblioteca não deixando mais nenhum livro ser emprestado até que o Robbins aparecesse. Eles não sabiam que eu tinha apenas pegado "emprestado" o livro, nem o pessoal da minha república sabia. Então, com medo de ser descoberto, eu peguei o livro e o deixei no laboratório de anatomia, onde ele foi resgatado por um funcionário. O duro depois era ouvir os comentário do tipo "o cara para roubar um Robbins tem que ser um ladrão de marca maior" ou " você viu? O larápio é corajoso para pegar o livro na prateleira, mas não tem coragem de ir lá na biblioteca devolvê-lo" e fazer que eu não tinha nada a ver com isso.
4) Naquela mesma época em que eu ia à missa ver as meninas, houve uma eleição para prefeito da minha cidade. A disputa estava apertada e o clima, pesadíssimo. Havia apenas dois candidatos e eu optei por apoiar um deles. Corria o boato que a turma do outro candidato, o cara mais rico da cidade, ia distribuir cestas básicas num bairro carente, na véspera da votação. Brilhantemente, eu e mais dois amigos, todos molecotes, resolvemos passar a madrugada escondidos num terreno baldio, fazendo vigília. Eu estava me achando importantíssimo. A cada farol de carro que eu via meu coração disparava. Passamos a noite toda lá e não demos nenhum flagrante. Depois de alguns dias, me pus a pensar: "E se eu visse alguma coisa, o que eu iria fazer?" E o pior: depois de todo esse esforço cívico, meu candidato ainda perdeu e, algumas semanas depois, se aliou ao vencedor, alegando que naquele momento a cidade precisava de união!
5) Eu tinha 8 anos de idade e estava, junto com meu irmão de 7, na casa de um tio meu. Ele tinha um filho da minha idade que era cego de nascença e que, naquela época, estava se tratando de uma grave leucemia, fazendo quimioterapia. Eu e meu irmão estávamos brincando, correndo pela casa, e ele estava sentado no sofá, entretido com uns brinquedinhos. Eu vi aquela cabeça careca, branca, brilhando, se oferecendo, e, num impulso, corri até ele e dei-lhe um tapão estalado na cachola. O menino apenas resmungou alguma coisa baixinho. Meu irmão, mais novo mas mais ajuizado, ficou indignado e disse: "Uai, Bruno, cê tá doido? Pra que isso?" e eu respondi: " O que é que tem? Ele é cego!".
6) Desde que Malhação começou, eu assisti a pelo menos 70% dos episódios.
Caramba, não acredito que eu tive coragem de contar essas coisas! Bom, quem ler esse post está convidado a entrar nessa fria também.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Quando 2 gênios se enfrentam
Mais um jogo para a história. Numa partida de 5 sets, Rafael Nadal venceu mais uma vez Roger Federer e sagrou-se campeão do aberto da Austrália, seu 6º grand slam. Ele é o único tenista da atualidade, na minha opinião, que tem condição de ganhar todos os 4 grand slams. Para ele falta apenas o US Open. Alguém duvida que ele pode vencê-lo?
Foi um jogo que qualquer um poderia ter vencido, mas Nadal mostrou que é mentalmente mais forte que o suiço, jogando melhor nos pontos decisivos. Além disso, correu como sempre, buscando todas as bolas, mesmo as que seriam consideradas perdidas para tenistas normais (Nadal, como eu já disse, não é um tenista normal), fazendo o suiço ter que suar a camisa para ganhar cada mísero ponto. Enfim, acabou vencendo quem teve mais vontade, mais gana, o que nunca falta ao espanhol. Federer, por sua vez, em alguns momentos jogou com demasiada displicência, meio blasé, e isso é imperdoável quando se enfrenta Rafael Nadal, número um do mundo, na final de um grand slam.
Mas foi um espetáculo de primeira categoria, quase no nível da final de Wimbledon do ano passado, jogo que é considerado por alguns como o de maior nível técnico da história. Aliás, quando esses dois se enfrentam o show é garantido.
Foi muito bonito ver, na hora do discurso após a partida, Federer se emocionar e não conseguir falar. Ficou aos prantos por alguns minutos. Então os organizadores chamaram Nadal para receber o troféu e ele, após receber o prêmio, deu um forte abraço no rival, que fez questão de ir primeiro ao microfone dizendo que Nadal foi o campeão e merecia ser o último a falar. O suiço falou pouco, com a voz embargada, demonstrando muita frustração, mas não deixou de saudar as qualidades e os méritos do seu adversário. Então, quando Nadal foi discursar mostrou muito respeito por seu maior rival e não deixou de enfatizar que acha Federer um dos maiores tenistas de todos os tempo. O espanhol não ficou sorrindo, fazendo festa, parecia constrangido em comemorar vendo que o adversário estava sofrendo ao seu lado. Nadal tirou o sorriso do caminho para Federer poder passar com a sua dor. Um momento maravilhoso, de antologia. Nadal, além de um fenômeno, é um gentleman.
Agradeço todos os dias por ser contemporâneo desses dois gênios e poder acompanhar espetáculos como o de hoje.
Foi um jogo que qualquer um poderia ter vencido, mas Nadal mostrou que é mentalmente mais forte que o suiço, jogando melhor nos pontos decisivos. Além disso, correu como sempre, buscando todas as bolas, mesmo as que seriam consideradas perdidas para tenistas normais (Nadal, como eu já disse, não é um tenista normal), fazendo o suiço ter que suar a camisa para ganhar cada mísero ponto. Enfim, acabou vencendo quem teve mais vontade, mais gana, o que nunca falta ao espanhol. Federer, por sua vez, em alguns momentos jogou com demasiada displicência, meio blasé, e isso é imperdoável quando se enfrenta Rafael Nadal, número um do mundo, na final de um grand slam.
Mas foi um espetáculo de primeira categoria, quase no nível da final de Wimbledon do ano passado, jogo que é considerado por alguns como o de maior nível técnico da história. Aliás, quando esses dois se enfrentam o show é garantido.
Foi muito bonito ver, na hora do discurso após a partida, Federer se emocionar e não conseguir falar. Ficou aos prantos por alguns minutos. Então os organizadores chamaram Nadal para receber o troféu e ele, após receber o prêmio, deu um forte abraço no rival, que fez questão de ir primeiro ao microfone dizendo que Nadal foi o campeão e merecia ser o último a falar. O suiço falou pouco, com a voz embargada, demonstrando muita frustração, mas não deixou de saudar as qualidades e os méritos do seu adversário. Então, quando Nadal foi discursar mostrou muito respeito por seu maior rival e não deixou de enfatizar que acha Federer um dos maiores tenistas de todos os tempo. O espanhol não ficou sorrindo, fazendo festa, parecia constrangido em comemorar vendo que o adversário estava sofrendo ao seu lado. Nadal tirou o sorriso do caminho para Federer poder passar com a sua dor. Um momento maravilhoso, de antologia. Nadal, além de um fenômeno, é um gentleman.
Agradeço todos os dias por ser contemporâneo desses dois gênios e poder acompanhar espetáculos como o de hoje.
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